segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Um requinte no tempo : Recordações do pastel folhado de Dona Alzira


—►A cultura de Carmo da Mata também passa pelas cozinhas. Afinal, a cidade possuiu e possui cozinheiras e quitandeiras com receitas que combinam tradição, talento e dedicação. 

Foi na Escola ‘Le Cordon Bleu’, na França, que a saudosa Dona Alzira Maria da Silva, aprendeu a fazer o pastel folhado. Famosa em Carmo da Mata como cozinheira, ela viveu naquele País por 10 anos, entre 1971 e 1981. Foi para a Europa a convite da amiga e patroa Maria Laura Ferreira Lobo, filha de Blair Ferreira, falecida em 2003. Em Paris, cidade famosa por seus “chefs”, trabalhou como cozinheira e aprimorou seus conhecimentos. 

Dona Alzira nasceu em Carmópolis de Minas, à época Distrito de Oliveira. Mudou-se para Carmo da Mata aos onze anos e trabalhou na fazenda de José Martins Borges. 

A história de vida da cozinheira também foi marcada por viagens a Washington e Califórnia, nos Estados Unidos, onde foi governanta de Maria Laura. Onde colheu experiências dos anos vividos; ela colecionou diversas receitas e possuía clientes em Carmo da Mata e toda a Região.

Dona Alzira advertia que fazer o pastel folhado era dificílimo. Detalhes, segundo ela,  faziam diferença no sabor final do produto. Em dias quentes, por exemplo, só é possível fazê-lo pela manhã. Até a fase da lua faz diferença. De acordo com Dona Alzira, não era bom fazer a massa em dias de ‘Lua Minguante’. Na França, a pedra para abrir a massa recebia um tratamento de refrigeração com gelo. No Brasil, ela precisou se adaptar e trocou a pedra de granito de sua pia por mármore.

Dona Alzira  tentava ensinar a receita a diversas pessoas, mas ninguém conseguiu fazê-la com a perfeição que a cozinheira desejava. 

Ao receber a Reportagem da Tribuna do Carmo, há bem mais de três anos atrás,  a cozinheira dizia que estava à disposição para ensinar aos leitores as particularidades do pastel folhado. Bastaria procurá-la em sua casa. Mas ela adiantava que era preciso ter disciplina e persitência para aprender.

Dona Alzira fez o quitute por mais 30 anos. Quando o fez pela primeira vez, ela saiu com uma cesta pelas ruas da cidade e distribuiu o pastel. Pouco tempo depois os clientes começaram a aparecer. 

O pastel virou sua especialidade, o que lhe rendeu até o apelido de “Dona Alzira do Pastel Folhado”. Ela contava que chegava a fazer até dez receitas num só dia, quando ainda era ajudada por sua irmã, a Dona Dulce Rodrigues da Silva, viúva do conhecido Juca Piteira, falecida em 1988. 

►Um resumo da Biografia de Dona Alzira

Dona Alzira, por ter vivido cercada de prendas domésticas e de ter tido a oportunidade de conhecer as culturas europeia e Norte-Americana, aliou a sabedoria adquirida naqueles Países com sua peculiar forma de vida, de sua autêntica criação aqui, em Carmo da Mata, juntamente com suas irmãs, também já falecidas, como a já citada Dona Dulce do Senhor ‘Juca Piteira’, a Dona Alice do Senhor Joaquim Corrêa e de uma família determinada e norteada pela honestidade e uma ilibada criação de vida. 

Em seus últimos tempos, entre nós, Dona Alzira foi uma extremosa e zelosa irmã, principalmente de seu irmão, o Sebastião do Táxi, também falecido, de quem era vizinha.

Dona Alzira nos deixou num dia 17 de maio de 2017 e foi dedicar-se noutras esferas, noutras dimensões. 

►Equipe Tribuna do Carmo de Jornalismo e Foto do Arquivo do Jornal Tribuna do Carmo

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