Ricardo Câmara
O processo de colonização levou à extinção muitas sociedades indígenas que viviam no território dominado, seja pela ação das armas, seja em decorrência do contágio por doenças trazidas dos países distantes, ou, ainda, pela aplicação de políticas visando à "assimilação" dos índios à nova sociedade implantada.
Contam os historiadores que os índios Cataguases dividiram-se em várias tribos, migrando do Ceará e sendo combatidos pelos bandeirantes. Os que sobreviveram dispersaram-se em grupos que se esconderam por várias partes do território do Centro-Oeste de minas. Um grupo desses escondeu-se nas matas dos rios Pará e Itapecerica, fincando conhecido como Candidés, possivelmente por causa da cor bem clara da pele, uma vez que viviam à sombra das árvores.
Em 1676, Duarte Corrêa Vasques e, depois, Lourenço Castanho Taques, o “Lourenço o Velho”, em suas penetrações na região onde se encontram as cidades de Itapecerica e Oliveira, na tentativa de escravizar os indígenas, baniram-nos da região. Os bandos sobreviventes dispersaram-se, alguns tomando o rumo a Goiás, outros se escondendo nas matas regionais.
A partir daí os Cataguases ou Coroados, como também eram conhecidos, sabedores da força dos bandeirantes, resolveram recuar seus domínios para a região de Piumhi e Tamanduá.
Portanto, os Cataguases, ao que tudo indica, foram os primeiros habitantes do Centro-Oeste de Minas. Carmo da Mata foi formada por terras de Oliveira e parte de Itapecerica, terras que abrigaram essa raça guerreira, considerada a que mais amedrontou os bandeirantes paulistas em suas jornadas pelo interior do Brasil Colônia. Em 1710, o governador de Minas Gerais, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, intimou os índios Cataguases ou Candidés a serem “proscritos voluntários” e se afastarem do Estado.
Achados
Embora distante no tempo, a ocupação indígena da região de Carmo da Mata deixou vestígios materiais, incluindo objetos. Fausto José Bernardes, que foi titular do cartório de notas e se destacou em Carmo da Mata por sua vasta cultura, tinha entre seus passatempos colecionar objetos dos aborígines que habitaram terras carmenses. Em seu cartório era comum ver prateleiras com peças em cerâmica e pedra, como machadinhas pertencentes aos indígenas que aqui habitaram. As peças foram doadas a Fausto por moradores das comunidades rurais, e a maioria delas veio da comunidade do Quilombo, local da zona rural carmense onde havia a maior concentração dos indígenas. O Quilombo faz divisa com Itapecerica.
As peças de pedra e cerâmica encontram-se conservadas pelo historiador Lineu de Carvalho, genro de Fausto. Não é possível determinar com exatidão a data do material encontrado nas comunidades rurais de Carmo da Mata. Há indícios de que as peças foram produzidas por índios da nação dos Cataguases, que habitaram a região, provavelmente nos séculos XVI e XVII.
(Sobre o assunto, podem ser consultados os livros “Centro- Oeste Mineiro - História e Cultura” e “História de Divinópolis”, de Pedro X Gontijo, e os sites www.funai.gov.br/indios e www.paroquiaitapecerica.com.br.)
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