domingo, 28 de março de 2021

A Ferrovia Oeste de Minas foi a primeira Companhia de Estrada de Ferro fundada e com sede em Minas Gerais, em 1887.



Memórias da Ferrovia Oeste de Minas - O trecho de Carmo da Mata a Oliveira. 
                                                                        

                                                                            

A partir do ano de 1870, discutia-se, em São João Del Rei, uma das principais cidades de Minas, a possibilidade da chegada à cidade, de uma via férrea que possibilitasse a ligação entre a sociedade são-joanense e a Corte, localizada, no Rio de Janeiro, capital do Império. Uma alternativa apresentada por um engenheiro da província mineira, em 1873, acrescentava São João Del Rei na rota de uma possível via férrea, ligando a Corte, o Rio Grande e o Rio São Francisco. 
Em 1877, com a chegada da linha da Estrada de Ferro Dom Pedro II, à localidade denominada Sítio, a cem quilômetros de São João Del Rei, abriu-se a possibilidade de praticar a concessão estabelecida pela Lei Provincial número 1982, de 11 de novembro de 1873, que cedia privilégio por 50 anos para construção de uma via férrea em bitola estreita, que partindo da Estrada de Ferro Dom Pedro II, nas vertentes do Rio das Mortes, se dirigisse a um ponto navegável do Rio Grande, e daí, pelo lado oeste, fosse até as divisas da província. No entanto, em 1877 é estabelecido que apenas deveria ser executada a primeira seção da estrada até São João Del Rei, pela Lei número 2398, de 05 de novembro de 1877.
A bitola, adotada para a linha a ser construída, foi de 0,76 centímetros, tendo em vista que a bitola máxima permitida seria de 1 metro. Terminada a construção do trecho que ligava Sítio a Barroso, com extensão de 49 quilômetros, o mesmo passou a receber tráfego a partir do dia 30 de novembro de 1880. Na ocasião, a estrada já contava com duas locomotivas American Montezuma.

No dia 28 de agosto de 1881, era inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas, que contava, então, com as estações de Sítio, Barroso, São José Del Rei (posteriormente Tiradentes) e São João Del Rei. Seu material rodante contava com quatro locomotivas, quatro carros de primeira classe, quatro de segunda, um de luxo, dois de bagagens, dois de animais, quinze vagões fechados, dez abertos e um carro guindaste.
Em 1890, no dia primeiro de maio, foi entregue pela empresa construtora do prolongamento da Estrada de Ferro Oeste de Minas o trecho da estrada que liga Oliveira a Carmo da Mata. Nesta época, o diretor da Companhia, Doutor Paulo Freitas de Sá, atendendo reivindicações dos moradores do então “Arraial do Carmo da Matta”, decidiu que se desse à primeira estação inaugurada o nome dessa localidade, em lugar de Henrique Galvão, como havia sido, primeiramente, denominada. A notícia foi muito festejada e o engenheiro, Doutor Paulo Freitas, subiria no conceito dos cidadãos de Carmo da Matta. Doutor Paulo veio a comemorar com os habitantes do arraial, por verem estes, realizado um desejo que se aliava ao interesses da localidade.
Em companhia de Doutor Paulo Freitas, diretor da Companhia Oeste, Doutor Toscano, Paiva, Barbosa e os senhores Chagas e Lima Sobrinho, agentes da estação de Oliveira, percorreram, em trem especial, o trecho da estrada entre Oliveira e Carmo da Matta, também encontrando-se neste trem, o redator chefe do jornal centenário Gazeta de Minas, Antônio Fernal. Em reportagem feita pelo jornal Gazeta, era afirmado que em toda linha d’oeste talvez não houvesse um trecho tão importante como o que liga Oliveira a Carmo da Mata, pela grande quantidade de cortes, aterros e obras de arte da engenharia, algumas destas, dignas de menção especial, como os grandes pontilhões que foram projetados para esta ligação. Segundo a reportagem, “a linha seguia serpenteando uma pequena cordilheira de montes à direita da grande lagoa da folha larga, que apresentava ao viajante o mais belo panorama durante alguns quilômetros”.
O tráfego dessa estrada, entre as duas localidades, foi aberto, mesmo, no dia 06 de maio de 1890, com trens de passageiros que chegavam de São João Del Rei e partiam de Oliveira para Carmo da Mata, às duas da tarde, retornando à Oliveira, às 4 horas da tarde. Na época, tudo era tarifado: gêneros alimentícios, animais vivos e abatidos. A passagem de primeira classe custava 2$200 (dois mil e duzentos réis), a segunda classe custava 2$100 (dois mil e cem réis), o transporte de animais custava 2$080 (dois mil e oitenta réis), o transporte de café e aguardente era limitado e custava 65 rs (sessenta e cinco réis), já o milho, feijão, arroz, batata, amendoim, mandioca e legumes, numa quantidade de 10 quilos, custava 22 rs (vinte e dois réis). 
Em sua crônica “Vamos à Estação...”, Armando Sábato, um dos maiores cronistas da memória de Carmo da Mata, afirma que a estação ferroviária se destaca como um marco na história da cidade. Nesse mesmo texto, ele narra fatos pitorescos, como José de Mattos andando, de botas, na linha férrea, lembra de figuras indefectíveis, como Gil, Antônio do Elizário e o Cerrado, pessoas que compunham a atmosfera da estação, além dos funcionários Militão, Lauro, Chico Conferente, Antenor, Juca Vieira, Carneiro e o veterano Chico Flores. Os meninos aguardavam, ansiosos, o momento emocionante em que a locomotiva despontava “na curva do João Espanhol”, tendo antes se anunciado com um apito melodioso e vibrante, que não se ouve mais nas locomotivas de hoje. Antes, porém, o sino tocava, anunciando a partida para Gonçalves Ferreira ou para a Folha Larga. Os “molecotes” correm ofegantes para “pegar a mala” dos viajantes em troca de alguns vinténs. Segundo Armando, Jerônimo Xavier foi o primeiro carregador a usar boné e carrinho de mão para desenvolver suas tarefas. O Moraes era outro carregador que sua saudosa memória recordava, na crônica.
A Ferrovia Oeste de Minas foi a primeira Companhia de Estrada de Ferro fundada e com sede em Minas Gerais, em 1887. No início das operações a Ferrovia contava com duas locomotivas do tipo American Standart (4-4-0), adotadas pela sua simplicidade e baixo custo. Na ocasião, custaram cada uma, em moeda do Império, 17:000$000 (dezessete contos de réis). Para antiga bitolinha, a Estrada de Ferro Oeste de Minas adquiriu sessenta locomotivas das quais restaram para posteridade somente dezoito. A maioria encontra-se no interior do complexo ferroviário de São João Del Rei. 
O jornal Estado de Minas publicou, em sua edição de 30 de abril de 2009, uma justa homenagem ao dia do ferroviário. Nesta reportagem de três páginas, conta-se a destruição do patrimônio ferroviário e o abandono de seus trabalhadores. A categoria ferroviária percorre um caminho agonizante para o seu desaparecimento, essa tragédia começou a ser construída sobre a rede ferroviária quando o Governo Federal optou por sepultar o transporte de passageiros sobre trilhos, e entregou a malha ferroviária para concessionárias, em 1996. Uma herança patrimonial que era da sociedade e que passaria a ser utilizada, estritamente, no escoamento de minério de ferro e outros produtos.
Em Carmo da Mata, ainda temos o prédio da segunda estação, imponente, inaugurado em 1918. Anterior a esse, existiu outro, um pouco para frente, bem perto da casa do Coronel Manoel Jorge de Matos.
Atualmente o Trem de Ferro, a Maria Fumaça, as estações ferroviárias estão desaparecendo no horizonte, deixando trilhos que não vão a lugar nenhum, deixando sucatas, estações e ruínas, e, em alguns locais, nem mesmo isso. As ferrovias, umas das molas propulsoras, durante um século, hoje, praticamente abandonadas, dão a impressão de uma oportunidade desperdiçada, num país sem muitas opções de transportes públicos e com a necessidade de escoar sua produção. (Fontes de Pesquisa: Arquivo Digital do Jornal Gazeta de Minas, Crônica “Vamos à estação...”, de Armando Sábato, Revista de História da Biblioteca Nacional e colaboração de Emerson Rabêlo), que contava, então, com as estações de Sítio, Barroso, São José Del Rei (posteriormente Tiradentes) e São João Del Rei. Seu material rodante contava com quatro locomotivas, quatro carros de primeira classe, quatro de segunda, um de luxo, dois de bagagens, dois de animais, quinze vagões fechados, dez abertos e um carro guindaste.


Reportagem - Ricardo Câmara - Revista Memória Carmense. 

sábado, 27 de março de 2021

Com mais uma morte nesta sexta-feira 26/03, Cláudio contabiliza 28 óbitos causados pelo novo coronavírus

Com mais uma morte registrada nesta sexta-feira26/03, Cláudio contabiliza 28 óbitos causados pelo novo coronavírus

Com 1711 casos confirmados e 5.049 casos notificados. Confira Boletim divulgado pela Prefeitura na tarde desta sexta-feira 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Prefeitura de Carmo da Mata informa os números da vacinação contra o Covid-19 no município.



A Prefeitura Municipal de Carmo da Mata, através, da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) informa que as vacinas contra a COVID-19 estão sendo direcionadas para os idosos e trabalhadores de Saúde conforme orientação do Ministério da Saúde.

No momento, o Município está na fase de aplicação das vacinas nos idosos de 75 a 79 anos e a partir da semana que vem, receberão as vacinas os idosos de 71 a 74 anos por ordem decrescente.

Devido ao maior número de idosos nessa faixa etária, comunicamos que a vacinação será agendada pelo Programa Saúde da Família (PSF) através do agente comunitário de saúde um horário para o idoso ir até a unidade receber a vacina.

Só serão vacinados os idosos que estiverem agendados e dentro da faixa etária atendida neste momento.

Pedimos aos idosos e familiares que aguardem o contato e só vá ao PSF depois de receber a ligação com o devido agendamento realizado.

CHEGADA DE VACINAS

A Prefeitura Municipal de Carmo da Mata divulga o progresso da vacinação contra o coronavírus no município. Até essa sexta-feira, 26/03, 1184 doses em Carmo da Mata, o que significa que 869 pessoas receberam ao menos uma das duas etapas da vacina. 

Destas, 315 pessoas já receberam as duas etapas da vacina. A Semusa conta que recebeu nesta sexta-feira, 430 vacinas, além de outras 100 vacinas, totalizam 530 doses que serão aplicadas na próxima semana.

A Semusa solicita a compreensão da população para aguardar as etapas da campanha de vacinação. A Secretaria ressalta que o Município precisa seguir a programação da (SES) Secretaria Estadual de Saúde, para que todos os grupos prioritários sejam contemplados em seus devidos momentos.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CARMO DA MATA.

ELA FAZ A DIFERENÇA - Laila Kelly, a designer de unhas Claudiense que se destaca na região e no exterior


Tudo começou aos 12 anos, quando Laila Kelly fez seu primeiro curso de manicure tradicional, foi o seu primeiro trabalho. 
O tempo passou e, na busca por mais estabilidade, ela deixou as unhas de lado e foi trabalhar em escritórios de “carteira assinada”, o que, para ela, na época, parecia ser melhor e mais seguro. Porém, Laila nunca se desligou das unhas, entre um emprego e outro sempre voltava para elas... Até que um dia ela se viu desesperada: sem emprego, endividada e com filha pequena.

Sem ter outra opção, resolveu voltar definitivamente para as unhas. Foi quando ganhou de sua mãe o curso de alongamento em gel. Laila acrescenta que, na época, foi muito caro, pois era novidade, poucas pessoas faziam e muitas nem conheciam... Aos poucos a jovem foi deixando as unhas normais e se dedicando somente ao gel, aperfeiçoando cada vez mais. Foi aí que tudo começou!

✅ Confira a reportagem completa na próxima edição impressa do Jornal Tribuna de Cláudio.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Com mais duas mortes registradas, Cláudio contabiliza 27 óbitos causados pelo novo coronavírus

Com mais duas mortes registradas, Cláudio contabiliza 27 óbitos causados pelo novo coronavírus

Vítimas fatais foram dois homens que morreram nestas quinta-feira (25/03), respectivamente. Cidade tem 1.672 casos positivos da doença , divulgados no último boletim de ontem 24/03.

#Personalidades da vida carmense ►A Família do Coronel Mattos.





Três portugueses, dentre os de várias famílias lusas que imigraram para Minas Gerais, no último quartel do Século XIX, marcaram, com destaque, a Região Oeste do Estado, especialmente no município de Oliveira. Foram eles: Manoel Jorge de Mattos, Antônio Rodrigues Fernal e Antônio Adelino Pinto Machado.

O primeiro, com grande visão empresarial (o Oeste de Minas antevia surto de grande progresso com a implantação da Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM), foi o mais importante industrial da Região, com suas atividades no então Distrito de Carmo da Mata. Montou a famosa “Cerâmica Mattos”, a única daquele tempo a fabricar não apenas tijolos, mas telhas “francesas”, além das usadas “cumbucas”, que marcaram a cobertura das construções coloniais. Quando se queriam outras, tinham de ser importadas da França, daí o seu nome. Manilhas, talhas, bilhas, miniaturas de pássaros e outros animais, cuja fabricação era perito o também português Alípio, compunham os produtos da cerâmica.

Um pequeno ramal da estrada de ferro conduzia os vagões ao interior da indústria, facilitando assim o escoamento da mercadoria fabricada. A excelência de seus produtos fez com que a “Cerâmica Mattos” fosse premiada na Primeira Exposição Industrial de Minas Gerais, em 1908. O quadro comemorativo está exposto no saguão principal do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde se vê ao lado de industriais de outras regiões, a fotografia de Coronel Manoel Jorge de Mattos.

Também uma bem montada “Casa Mattos” foi por ele mantida, onde se vendia quase tudo: secos, molhados, ferragens, bebidas, sal, querosene, calçados, perfumes, entre outras mercadorias. Manoel Jorge, como se vê, muito trabalhou para o progresso de Carmo da Mata. Foi juiz de Paz, fazendeiro, e usou uma de suas propriedades para a construção do “Estádio Coronel Mattos”.

Manoel Jorge de Mattos nasceu em Seravelhos, Freguesia de São Miguel de Penna, Portugal, no ano de 1860, filho de José de Mattos e de Eufrásia Rodrigues Carvalhais, falecidos em Vila Real, também naquele país. Coronel Mattos casou-se em maio de 1886 em Oliveira, com Ambrosina de Melo Mattos, nascida em 1868 e falecida em março de 1922. Ela era filha de José Henrique de Melo e Cândida Silveira de Melo.

Manoel Jorge veio para Carmo da Mata por ocasião da construção da estrada de ferro e ergueu sua casa, ainda hoje uma imponente construção, onde se instalou um hotel com restaurante (naquele tempo a estação férrea era onde ainda está a casa do Agente e somente mais tarde foi construída a atual, na praça). Comprou terras em Carmo da Mata e em Abaeté, onde adquiriu a Fazenda São Gonçalo e a Fazenda São José do Canastrão, em 1916, por quatrocentos mil réis, do proprietário Olivero Teixeira Pinto, que havia herdado as terras de seu pai, o Tenente Coronel João José da Cunha Santos.

Coronel Mattos foi, também, político, sendo eleito por várias vezes Juiz de Paz do distrito. Com sua esposa, Ambrosina de Melo Mattos, eles tiveram os filhos: Catulina Mattos de Castro Pires (nascida em 1890), que foi casada com o advogado José de Castro Pires; Braulina Mattos (nascida em 1892), que foi casado com José Afonso Diniz; e José de Mattos (nascido em 1894), que foi casado com Maria Belmira Penido Mattos (Dona Belmira).

A filha mais velha do Coronel Mattos, Catulina Mattos, juntamente com seu esposo, tiveram os filhos: José de Mattos de Castro Pires, Cleonice Mattos de Castro Pires, Dagmar Mattos de Castro Pires e Reinaldo Mattos de Castro Pires. Esse último, advogado, foi presidente da Companhia de Habitação de Minas Gerais (COHAB-MG), o que o fez presentear sua terra natal, Carmo da Mata, com o conjunto de casas populares, intitulado “Conjunto Habitacional Braulina Mattos”, em homenagem a sua tia.

O filho mais novo de Manoel Jorge, José de Mattos, trabalhou algum tempo no comércio do Rio de Janeiro e, mais tarde, dedicou-se aos negócios do pai, especialmente na agropecuária. Ele e sua esposa, Dona Belmira, que era filha de Agostinho de Souza Penido e de Ernestina de Magalhães Penido, criaram seus filhos e viveram em Carmo da Mata até os últimos dias de suas vidas.

Tribuna do Carmo - texto Base Lineu de Carvalho

Três portugueses, dentre os de várias famílias lusas que imigraram para Minas Gerais, no último quartel do Século XIX, marcaram, com destaque, a Região Oeste do Estado, especialmente no município de Oliveira. Foram eles: Manoel Jorge de Mattos, Antônio Rodrigues Fernal e Antônio Adelino Pinto Machado.

O primeiro, com grande visão empresarial (o Oeste de Minas antevia surto de grande progresso com a implantação da Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM), foi o mais importante industrial da Região, com suas atividades no então Distrito de Carmo da Mata. Montou a famosa “Cerâmica Mattos”, a única daquele tempo a fabricar não apenas tijolos, mas telhas “francesas”, além das usadas “cumbucas”, que marcaram a cobertura das construções coloniais. Quando se queriam outras, tinham de ser importadas da França, daí o seu nome. Manilhas, talhas, bilhas, miniaturas de pássaros e outros animais, cuja fabricação era perito o também português Alípio, compunham os produtos da cerâmica.

Um pequeno ramal da estrada de ferro conduzia os vagões ao interior da indústria, facilitando assim o escoamento da mercadoria fabricada. A excelência de seus produtos fez com que a “Cerâmica Mattos” fosse premiada na Primeira Exposição Industrial de Minas Gerais, em 1908. O quadro comemorativo está exposto no saguão principal do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde se vê ao lado de industriais de outras regiões, a fotografia de Coronel Manoel Jorge de Mattos.

Também uma bem montada “Casa Mattos” foi por ele mantida, onde se vendia quase tudo: secos, molhados, ferragens, bebidas, sal, querosene, calçados, perfumes, entre outras mercadorias. Manoel Jorge, como se vê, muito trabalhou para o progresso de Carmo da Mata. Foi juiz de Paz, fazendeiro, e usou uma de suas propriedades para a construção do “Estádio Coronel Mattos”.

Manoel Jorge de Mattos nasceu em Seravelhos, Freguesia de São Miguel de Penna, Portugal, no ano de 1860, filho de José de Mattos e de Eufrásia Rodrigues Carvalhais, falecidos em Vila Real, também naquele país. Coronel Mattos casou-se em maio de 1886 em Oliveira, com Ambrosina de Melo Mattos, nascida em 1868 e falecida em março de 1922. Ela era filha de José Henrique de Melo e Cândida Silveira de Melo.

Manoel Jorge veio para Carmo da Mata por ocasião da construção da estrada de ferro e ergueu sua casa, ainda hoje uma imponente construção, onde se instalou um hotel com restaurante (naquele tempo a estação férrea era onde ainda está a casa do Agente e somente mais tarde foi construída a atual, na praça). Comprou terras em Carmo da Mata e em Abaeté, onde adquiriu a Fazenda São Gonçalo e a Fazenda São José do Canastrão, em 1916, por quatrocentos mil réis, do proprietário Olivero Teixeira Pinto, que havia herdado as terras de seu pai, o Tenente Coronel João José da Cunha Santos.

Coronel Mattos foi, também, político, sendo eleito por várias vezes Juiz de Paz do distrito. Com sua esposa, Ambrosina de Melo Mattos, eles tiveram os filhos: Catulina Mattos de Castro Pires (nascida em 1890), que foi casada com o advogado José de Castro Pires; Braulina Mattos (nascida em 1892), que foi casado com José Afonso Diniz; e José de Mattos (nascido em 1894), que foi casado com Maria Belmira Penido Mattos (Dona Belmira).

A filha mais velha do Coronel Mattos, Catulina Mattos, juntamente com seu esposo, tiveram os filhos: José de Mattos de Castro Pires, Cleonice Mattos de Castro Pires, Dagmar Mattos de Castro Pires e Reinaldo Mattos de Castro Pires. Esse último, advogado, foi presidente da Companhia de Habitação de Minas Gerais (COHAB-MG), o que o fez presentear sua terra natal, Carmo da Mata, com o conjunto de casas populares, intitulado “Conjunto Habitacional Braulina Mattos”, em homenagem a sua tia.

O filho mais novo de Manoel Jorge, José de Mattos, trabalhou algum tempo no comércio do Rio de Janeiro e, mais tarde, dedicou-se aos negócios do pai, especialmente na agropecuária. Ele e sua esposa, Dona Belmira, que era filha de Agostinho de Souza Penido e de Ernestina de Magalhães Penido, criaram seus filhos e viveram em Carmo da Mata até os últimos dias de suas vidas.

Tribuna do Carmo - texto Base Lineu de Carvalho

Três portugueses, dentre os de várias famílias lusas que imigraram para Minas Gerais, no último quartel do Século XIX, marcaram, com destaque, a Região Oeste do Estado, especialmente no município de Oliveira. Foram eles: Manoel Jorge de Mattos, Antônio Rodrigues Fernal e Antônio Adelino Pinto Machado.

O primeiro, com grande visão empresarial (o Oeste de Minas antevia surto de grande progresso com a implantação da Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM), foi o mais importante industrial da Região, com suas atividades no então Distrito de Carmo da Mata. Montou a famosa “Cerâmica Mattos”, a única daquele tempo a fabricar não apenas tijolos, mas telhas “francesas”, além das usadas “cumbucas”, que marcaram a cobertura das construções coloniais. Quando se queriam outras, tinham de ser importadas da França, daí o seu nome. Manilhas, talhas, bilhas, miniaturas de pássaros e outros animais, cuja fabricação era perito o também português Alípio, compunham os produtos da cerâmica.

Um pequeno ramal da estrada de ferro conduzia os vagões ao interior da indústria, facilitando assim o escoamento da mercadoria fabricada. A excelência de seus produtos fez com que a “Cerâmica Mattos” fosse premiada na Primeira Exposição Industrial de Minas Gerais, em 1908. O quadro comemorativo está exposto no saguão principal do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde se vê ao lado de industriais de outras regiões, a fotografia de Coronel Manoel Jorge de Mattos.

Também uma bem montada “Casa Mattos” foi por ele mantida, onde se vendia quase tudo: secos, molhados, ferragens, bebidas, sal, querosene, calçados, perfumes, entre outras mercadorias. Manoel Jorge, como se vê, muito trabalhou para o progresso de Carmo da Mata. Foi juiz de Paz, fazendeiro, e usou uma de suas propriedades para a construção do “Estádio Coronel Mattos”.

Manoel Jorge de Mattos nasceu em Seravelhos, Freguesia de São Miguel de Penna, Portugal, no ano de 1860, filho de José de Mattos e de Eufrásia Rodrigues Carvalhais, falecidos em Vila Real, também naquele país. Coronel Mattos casou-se em maio de 1886 em Oliveira, com Ambrosina de Melo Mattos, nascida em 1868 e falecida em março de 1922. Ela era filha de José Henrique de Melo e Cândida Silveira de Melo.

Manoel Jorge veio para Carmo da Mata por ocasião da construção da estrada de ferro e ergueu sua casa, ainda hoje uma imponente construção, onde se instalou um hotel com restaurante (naquele tempo a estação férrea era onde ainda está a casa do Agente e somente mais tarde foi construída a atual, na praça). Comprou terras em Carmo da Mata e em Abaeté, onde adquiriu a Fazenda São Gonçalo e a Fazenda São José do Canastrão, em 1916, por quatrocentos mil réis, do proprietário Olivero Teixeira Pinto, que havia herdado as terras de seu pai, o Tenente Coronel João José da Cunha Santos.

Coronel Mattos foi, também, político, sendo eleito por várias vezes Juiz de Paz do distrito. Com sua esposa, Ambrosina de Melo Mattos, eles tiveram os filhos: Catulina Mattos de Castro Pires (nascida em 1890), que foi casada com o advogado José de Castro Pires; Braulina Mattos (nascida em 1892), que foi casado com José Afonso Diniz; e José de Mattos (nascido em 1894), que foi casado com Maria Belmira Penido Mattos (Dona Belmira).

A filha mais velha do Coronel Mattos, Catulina Mattos, juntamente com seu esposo, tiveram os filhos: José de Mattos de Castro Pires, Cleonice Mattos de Castro Pires, Dagmar Mattos de Castro Pires e Reinaldo Mattos de Castro Pires. Esse último, advogado, foi presidente da Companhia de Habitação de Minas Gerais (COHAB-MG), o que o fez presentear sua terra natal, Carmo da Mata, com o conjunto de casas populares, intitulado “Conjunto Habitacional Braulina Mattos”, em homenagem a sua tia.

O filho mais novo de Manoel Jorge, José de Mattos, trabalhou algum tempo no comércio do Rio de Janeiro e, mais tarde, dedicou-se aos negócios do pai, especialmente na agropecuária. Ele e sua esposa, Dona Belmira, que era filha de Agostinho de Souza Penido e de Ernestina de Magalhães Penido, criaram seus filhos e viveram em Carmo da Mata até os últimos dias de suas vidas.

Tribuna do Carmo - texto Base Lineu de Carvalho

quarta-feira, 24 de março de 2021

SAMU-Oeste, que atende aos 53 municípios da região divulgou nesta semana um balancete que mostra a verdadeira explosão de casos relacionados à Covid-19 no Centro-Oeste. Os números são assustadores.



SAMU mostra explosão de casos de Covid-19 em 2021, no Centro-Oeste Mineiro.

A assessoria de imprensa do SAMU-Oeste, que atende aos 53 municípios da região divulgou nesta semana um balancete que mostra a verdadeira explosão de casos relacionados à Covid-19 no Centro-Oeste. Os números são assustadores. Se em 10 meses de 2020 o serviço atendeu a 4.708 casos ligados à suspeita da doença, com média de 470 atendimentos/mês, em menos de três meses de 2021 já foram registrados 3.409 atendimentos.

Apenas nos meses de janeiro e fevereiro foram feitos 1.767 atendimentos ligados à doença, ou seja, quase a metade dos casos do ano passado. Contudo, o pior estava reservado para o mês de março. Em 21 dias foram feitos mais 1.642 atendimentos ligados à Covid na região. Em apenas 21 dias, quase o total de atendimentos dos dois meses anteriores.

Desde o mês de junho do ano passado o SAMU conta com uma unidade especializada em atendimentos para a Covid-19, em Divinópolis. Trata-se de uma USB (Unidade de Suporte Básico) com todo o aparato necessário para atender a casos de Covid. Porém, toda a rede de atendimento já recebeu treinamento para lidar com os casos da doença e também os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessários, como máscaras, luvas e vestimentas. Também as viaturas têm equipamentos como cilindros de oxigênio e outros equipamentos necessários.

E agora, com a Onda Roxa, o SAMU oferece atendimento médico via telefone para quem apresentar sintomas gripais.  “Quem estiver com sintomas gripais pode ligar para o 192, pois o médico regulador vai avaliar a situação e analisar se o paciente precisa ser encaminhado para uma unidade de saúde”, explica o diretor técnico do CIS-URG Oeste, Marco Aurélio Lobão.

Confira a reportagem de Sérgio Cunha na próxima edição impressa do jornal Tribuna do Carmo. Os números são assustadores. Se em 10 meses de 2020 o serviço atendeu a 4.708 casos ligados à suspeita da doença, com média de 470 atendimentos/mês, em menos de três meses de 2021 já foram registrados 3.409 atendimentos.

Apenas nos meses de janeiro e fevereiro foram feitos 1.767 atendimentos ligados à doença, ou seja, quase a metade dos casos do ano passado. Contudo, o pior estava reservado para o mês de março. Em 21 dias foram feitos mais 1.642 atendimentos ligados à Covid na região. Em apenas 21 dias, quase o total de atendimentos dos dois meses anteriores.

Desde o mês de junho do ano passado o SAMU conta com uma unidade especializada em atendimentos para a Covid-19, em Divinópolis. Trata-se de uma USB (Unidade de Suporte Básico) com todo o aparato necessário para atender a casos de Covid. Porém, toda a rede de atendimento já recebeu treinamento para lidar com os casos da doença e também os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessários, como máscaras, luvas e vestimentas. Também as viaturas têm equipamentos como cilindros de oxigênio e outros equipamentos necessários.

E agora, com a Onda Roxa, o SAMU oferece atendimento médico via telefone para quem apresentar sintomas gripais.  “Quem estiver com sintomas gripais pode ligar para o 192, pois o médico regulador vai avaliar a situação e analisar se o paciente precisa ser encaminhado para uma unidade de saúde”, explica o diretor técnico do CIS-URG Oeste, Marco Aurélio Lobão.

Confira a reportagem de Sérgio Cunha na próxima edição impressa do jornal Tribuna do Carmo.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Donos de lotes sujos podem ser multados em 5% do valor do imóvel em Carmo da Mata

Donos de lotes sujos podem ser multados em 5% do valor do imóvel em Carmo da Mata

 

A partir desta terça-feira, 23/03, começa a semana de Mutirão de Limpeza para evitar a proliferação da dengue. Um dos principais pontos que acumulam e se tornam criadouros para o mosquito Aedes aegypti são os lotes. Todavia, o perigo de manter os lotes “sujos” vai além da dengue. Animais peçonhentos, como cobras, escorpiões, aranhas, dentre outros podem aparecer. Para evitar esses e outros transtornos, é necessário que os proprietários dos lotes os mantenham sempre limpos.

 

Existe uma lei que, além de autorizar que o Município realize a limpeza de terrenos baldios, ainda o autoriza a multar os proprietários.

 

O que diz a lei?

 

De acordo com a Lei Nº 1.579 de 2019, os proprietários de lotes baldios são obrigados a mantê-los limpos, roçados e drenados, sob a pena de aplicação de multa. O prazo para execução do serviço é de 30 dias após a notificação.

 

Caso o proprietário não obedeça a notificação no tempo estabelecido será imposta uma multa correspondente à 5% do Valor Venal do imóvel.

 

Vale destacar que também é responsabilidade do proprietário, a remoção de lixo, entulhos e resíduos de limpeza do terreno, bem como zelar para que o imóvel não seja alvo de depósito de lixo e entulhos.

 


domingo, 21 de março de 2021

Pacu, o carmense que enfrentou um trem de ferro




Agricultor foi arrastado por um vagão e escapou por pouco de ser morto

Histórias envolvendo acidentes com trens de ferro costumam ser trágicas. Muito pouca gente escapa com vida ao ser atingida por uma composição, ao ponto de se poder afirmar que só por milagre isso acontece. Em Carmo da Mata, o agricultor Pacu viveu essa experiência rara. Arrastado por um vagão enquanto atravessava a linha férrea na entrada da cidade, ele sobreviveu depois de ficar dias entre a vida e a morte. 
Pacu, cujo nome é Valtair Luís de Moura, nasceu em 10 de junho de 1935. Um dos 8 filhos de José Ferreira de Moura e Maria de Oliveira, ele cresceu na zona rural.
Pela manhã, pouco depois das 6 horas, Pacu pegou carona num caminhão até o ponto de ônibus que fica próximo da antiga estação ferroviária, na saída da cidade. Com fome, pois não tinha tomado café ao se levantar, o agricultor deixou nos pontos suas caixas, fechadas a cadeado, e decidiu usar os momentos que faltavam até a chegada do ônibus para voltar a sua casa e comer alguma coisa. A intenção do agricultor era ir e voltar rápido, a tempo de embarcar no carro que passaria às 7 horas.
Por obra do destino, porém, aquela viagem acabaria não ocorrendo. Dirigindo-se à sua casa, que ficava nas proximidades da estação, ele viu a locomotiva do trem de ferro apitando ao longe, vindo de Divinópolis em direção a Oliveira. Para chegar a sua casa, Pacu precisaria atravessar a linha férrea. A travessia era feita corriqueira por diversas pessoas. Para impedir acidentes, havia no local uma barreira de sinalização manual operada por funcionários da estação ferroviária, indicando se a passagem pela linha estava livre ou impedida para pedestres.
Ao ver que a sinalização indicava passagem livre, Pacu avançou sobre a linha férrea. Preocupado em tomar seu café e voltar a tempo de tomar o ônibus que o levaria a Divinópolis, o agricultor confiou na indicação da barreira. O que se seguiu nos segundos seguintes foi algo extraordinário. Ao levantar a cabeça, Pacu viu à sua frente a enorme massa metálica do trem de ferro avançando rápido em sua direção, sem lhe dar a menor chance. Foi essa a última visão que ele teve antes de perder os sentidos.

REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO E A ASSOCIAÇÃO CIRCUITO CAMPO DAS VERTENTES


—►O Programa de Regionalização do Turismo, idealizado e orientado pelo Ministério do Turismo (MTur), tem por objetivo principal apoiar a estruturação dos destinos, a gestão descentralizada e a promoção do turismo no país.
 
Em Minas Gerais, a política pública de Regionalização do Turismo está em desenvolvimento desde o ano de 2001, e é referência para os demais estados brasileiros no que tange à gestão da atividade turística.
 
Em 2003, os Circuitos Turísticos são institucionalizados por meio do Decreto 43.321, publicado em 08 de Maio, que considera o conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável.
 
Minas Gerais conta, atualmente, com 44 circuitos turísticos certificados, de acordo com a resolução 045/2014, envolvendo todas as regiões do estado, A certificação do Circuito Turístico Campo das Vertentes  foi assegurada, no dia 2 de junho de 2017, por meio das resoluções Setes 45/2014 e Setur 36/2016. 

Atualmente, por meio do Decreto nº 47.687, publicado em 2019, e da Resolução Secult nº16/2020, os Circuitos Turísticos são reconhecidos como Instâncias de Governança Regionais (IGR’s), e, dessa forma, se tornam oficialmente executores, interlocutores e articuladores da descentralização e da regionalização do Turismo em Minas Gerais.

A Associação Circuito Turístico Campo das Vertentes [IGR Campo das Vertentes] é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que tem a responsabilidade de organizar o turismo regional gerando diálogo e projetos com entes públicos e privados e apoiar e fomentar o desenvolvimento econômico e social da região a partir da atividade turística.

Envolvida diretamente com as prefeituras associadas e os empresários de estabelecimentos turísticos destes municípios, a IGR Campo das Vertentes atua há dois anos promovendo a melhor estruturação dos destinos turísticos associados e estimulando a circulação de turistas por toda região.

►DECLARÇÃO DE VALORES 

►MISSÃO DA ASSOCIAÇÃO CIRCUITO TURÍSTICO CAMPO DAS VERTENTES
Ser a principal instância de governança do seguimento turístico desta região do Estado, não apenas em potencializar a estruturação, a organização e a promoção da oferta turística dos municípios afiliados, mas em capacidade de promover mudança social nas comunidades receptoras da atividade turística.

►PRINCÍPIOS

A Associação Circuito Turístico Campo das Vertentes é livre, laica, apartidária e defende o respeito a princípios sem os quais uma sociedade não pode se desenvolver plenamente, como as liberdades individuais, a democracia, a livre iniciativa, os direitos humanos, o avanço da ciência e a preservação do meio ambiente.

►O TERRITÓRIO CIRCUITO TURÍSTICO CAMPO DAS VERTENTES

Este imenso e rico acervo a céu aberto, síntese do Brasil, oferece paisagens deslumbrantes, entrecortadas por montanhas, vales, rios, represas e cachoeiras.

O território abriga vários exemplos da arquitetura civil colonial e do ecletismo do final do século XIX e princípio do século XX, protegidos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.

A formidável gastronomia mineira, as expressões populares e a genuína hospitalidade são algumas das marcas do povo da região Central e Sul de Minas Gerais.

O patrimônio natural é propenso à prática de esportes de aventura e de observação de espécies nativas dos biomas Cerrado e Mata Atlântica.

No turismo rural, os municípios associados ao Circuito Turístico Campo das Vertentes se destacam pelas belas paisagens e o ritmo tranquilo. As imponentes fazendas bicentenárias, além de cultivarem a terra com excelência, empreendem em técnicas de produção artesanal de alimentos, fermentados e destilados de alta qualidade.

O Circuito Turístico Campo das Vertentes também é um importante destino religioso de Minas Gerais. Tanto por manter tradições do cristianismo ainda proferidas em latim quanto por abrigar expressões étnico-raciais enunciadas na língua crioula.

Palco de manifestações artísticas de grande valor nacional e internacional, o território do Circuito Turístico Campo das Vertentes é berço do maior cientista do Brasil, de grandes personalidades políticas, de sítios arqueológicos, de observatórios astronômicos, de importantes museus, de parques temáticos e de ofícios milenares que conjugam com o legítimo jeito mineiro de ser.

—►DESCRIÇÃO DOS MUNICÍPIOS AFILIADOS

►CARMO DA MATA 

Carmo da Mata é o município das essências. Abriga, desde 1950, a empresa Georges Broemmé Aromas e Fragrâncias Ltda, fundada pelo casal russo Vera Broemmé von der Launitz e Georges Broemmé. O município também abriga importantes monumentos arquitetônicos em seu centro urbano e no campo, onde ainda permanecem edificações de estilo colonial. A religiosidade e a cultura são pulsantes em Carmo da Mata, que mantém importantes festas religiosas e profanas centenárias. Há 15 quilômetros do centro histórico encontra-se o "Quilombo", povoação de origem negra que, além da cachaça fabricada no local e da gastronomia característica de Minas Gerais, tem como pontos turísticos duas cachoeiras: uma chama-se “Cachoeira do Zé do Mané” e a outra “Laje do Osório”. Carmo da Mata sedia o maior Acervo Particular de Carros e Relógios Antigos de Minas Gerais e fazendas seculares que, além de cultivar a terra, empreendem em técnicas artesanais de produção de alimentos e destilados, como monjolos, alambiques e engenhos. O bioma do município é riquíssimo e o patrimônio natural é propenso à prática de esportes de aventura.

►CARMO DO CAJURU

ÓRGÃO RESPONSÁVEL: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Carmo do Cajuru abriga o terceiro maior polo moveleiro de Minas Gerais. É conhecida como “Cidade dos Móveis” por produzir e exportar para países das Américas. O patrimônio natural é riquíssimo e propenso à prática de esportes de aventura. Destaque para a “Pedra do Calhau”, o “Bosque”, a “Serra do Galinheiro” e a “Prainha”. Outros aspectos não naturais, como a barragem de Carmo do Cajuru, moldada com a construção da hidrelétrica de mesmo nome, operada pela Companhia Energética de Minas Gerais [CEMIG], e a arquitetura das igrejas do Rosário, Matriz de Nossa Senhora do Carmo e de Nossa Senhora do Líbano o qualificam como município diverso. Carmo do Cajuru também abriga belas festas religiosas, profanas e culturais com rico patrimônio material e imaterial.

►CARMÓPOLIS DE MINAS

Carmópolis de Minas ocupa o segundo lugar na produção do tomate de mesa em Minas. O cultivo ocupa pouco mais de 300 hectares de terra e a produção ultrapassa 100 mil toneladas por ano. O município abriga quatro sítios arqueológicos, onde são encontrados petróglifos [rochas originárias do período da pré-história, que contêm inscrições gravadas em sua superfície]. Carmópolis possui ainda a Estação Ecológica Mata do Cedro, importante área de proteção e preservação do bioma Mata Atlântica. A Serra da Laje é um local propício para a prática de escalada e rapel. Belas cachoeiras se somam ao patrimônio natural. O município é berço da Mazé Doces Artesanais, charmosa loja que fabrica e exporta os melhores doces artesanais de Minas Gerais. Carmópolis de Minas também mantém importantes festas tradicionais religiosas e profanas bicentenárias com rico patrimônio 

►DIVINÓPOLIS

Com rotulo de Capital Mineira da Moda por abrigar milhares de confecções e pontos de venda, Divinópolis é o destino dos fãs da música sertaneja e do rodeio que se encontram para unir as duas paixões em um dos maiores eventos do interior mineiro, o DivinaExpô. A Terra do Divino abriga a maior festa fantasia de Minas Gerais, a maior festa junina do interior mineiro e a tradicionalíssima Festa Nacional da Cerveja. Divinópolis é o destino da "Cruz de Todos os Povos", iniciativa coordenada pela Associação Terra de Deus, que propõe a construção de uma estrutura em forma de cruz com 74 metros de altura, a ser instalada no Morro do Gurita, no bairro Santo Antônio dos Campos [Ermida], em um terreno de 10 mil metros quadrados. Segundo informações da Diocese de Divinópolis, outras duas torres com as mesmas dimensões já existem no México e no Líbano. Divinópolis também é destino de milhares de pacientes que buscam na rede pública e privada tratamento médico, hospitalar ou espiritualistas que objetivam a melhora da saúde ou busca do seu bem-estar. O Turismo Esportivo, Cultural e da Educação também são destaques em Divinópolis. O patrimônio natural do município é propenso à prática de esportes de aventura e de observação de espécies nativas dos biomas Cerrado e Mata Atlântica. Além de oferecer paisagens deslumbrantes, entrecortadas por montanhas, vales, rios, represas e cachoeiras, a gastronomia atende todos os gostos.

►ITAPECERICA

Nascida no final do século XVII e situada no coração do Vale do Itapecerica no Centro-Oeste de Minas, a cidade foi o décimo município criado na Capitania de Minas Gerais, hoje estado de Minas Gerais. Seus principais monumentos histórico-culturais são seu centro urbano, onde ainda permanece o casario de estilo colonial, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja de Nossa Senhora das Mercês, Igreja de São Francisco e a Matriz de São Bento, obra mais imponente da cidade e local do palco principal do Festival de Inverno, formidável evento artístico da região que ocorre anualmente na última semana de julho. Outro ponto de destaque está há dois quilômetros do centro urbano do município, é o casarão colonial bicentenário da Fazenda Palestina, que foi recentemente restaurado e adaptado para o turismo rural. O município abriga, entre as belas montanhas, uma aldeia Muã Mimatxi, da etnia Pataxós, centenas de referências históricas e artísticas que rotularam o município como “Berço Cultural do Centro Oeste Mineiro”. Itapecerica promove o tradicional Festival de Gastronomia Rural, que reúne uma série de ações, que inclui degustação de pratos típicos mineiros, além de workshops de culinária e shows de artistas regionais. O município detém saberes e fazeres milenares, como luthiers de corda e de acordeons, cuteleiros, marceneiros e mestres cervejeiros. Além da Nacional de Grafite, mineradora referência no beneficiamento do grafite natural cristalino de alta qualidade.

►SEGUIMENTO – Cultural

►SÃO FRANCISCO DE PAULA

São Francisco de Paula é conhecida por “Cidade Gêmea” de Pimonte, uma cidade italiana da província de Napoli. Abriga fazendas bicentenárias que, além da atividade cafeeira, se dedicam à agropecuária e a produção de destilados de alta qualidade, cada uma com sua identidade própria, seu sabor característico, histórias e individualidades. O município abriga o Parque Hotel Pimonte, considerado no seu gênero o maior complexo turístico regional. São Francisco de Paula se destaca também por suas cachoeiras e belas montanhas, ideias para a prática de esportes radicais. Além de um folclore que mexe com a imaginação das pessoas e centenas de referências culturais, históricas, arquitetônicas e artísticas que conjugam com o legítimo jeito mineiro.

►PANORAMA

Criada em janeiro de 2005, a Associação Circuito Turístico Campo das Vertentes caracteriza a política pública de Regionalização do Turismo, em desenvolvimento pelo Governo do Estado de Minas Gerais desde o ano de 2001. Para organizar e desenvolver a atividade turística regional iniciou com os municípios de Carmo da Mata, Carmópolis de Minas, Carmo do Cajurú, Cláudio, Desterro de Entre Rios, Iguatama, Oliveira, Piracema, Passa Tempo, Santo Antônio do Amparo e São Francisco de Paula por possuírem afinidades culturais, sociais e econômicas.

À época, promoveu importantes e relevantes iniciativas para organizar e desenvolver a atividade turística regional, em destaque: incentivo à criação de produtos e serviços turísticos, implementação da Política Municipal de Turismo e sinalização turística dos municípios afiliados.

Em meados de 2009, a Associação Circuito Turístico Campo das Vertentes perdeu seu credenciamento junto a Secretaria de Estado de Turismo e Esportes face enfraquecimento político e administrativo da instituição, levando-a a estacionar as atividades relacionadas à promoção da política pública de Regionalização do Turismo, em desenvolvimento pelo Governo do Estado de Minas Gerais.

Na perspectiva de potencializar a oferta turística dos municípios das Regiões Central e Sul de Minas Gerais, a Associação Circuito Turístico Campo das Vertentes retomou as atividades em 2016 por iniciativa dos gestores públicos dos municípios de Carmo da Mata, Carmópolis de Minas, Cláudio, Oliveira, Santo Antônio do Amparo e São Francisco de Paula.

Nesse período, orienta gestores públicos e privados quanto às diretrizes para reestabelecer nos municípios afiliados a Política Municipal de Turismo, promove capacitação profissional dos colaboradores da associação e realizou o I Festival do Café de Santo Antônio do Amparo, em parceria com a Associação de Desenvolvimento da Cafeicultura de Santo Antônio do Amparo, que difundiu a importância socioeconômica da atividade cafeeira para o município de Santo Antônio do Amparo, principal produtor dessa Região do Estado, através de cursos, palestras, feiras, entre outras iniciativas, na perspectiva de fomentar mecanismos que possam estimular a atividade turística na cadeia produtiva do café em sintonia com a sustentabilidade cultural e ambiental.

Atualmente, os públicos de relacionamento do Circuito Turístico Campo das Vertentes são pessoas físicas jovens e adultas interessadas no patrimônio material, imaterial e ecológico dos municípios das Regiões Central e Sul de Minas Gerais e gestores de instituições públicas e privadas que desejam investir no turismo para revitalizar áreas urbanas, rurais e, principalmente, ampliar a economia das cidades associadas.

Os principais atributos dos municípios afiliados ao Circuito Turístico Campo das Vertentes são: a singularidade da arte, da história, do patrimônio, dos personagens reais e míticos e do saber fazer. Além de concentrar uma variedade de oportunidades culturais, como: visita a museus e monumentos, galerias de arte e um infindável número de eventos culturais.

Os municípios afiliados ao Campo das Vertentes ainda não são um destino exclusivamente turístico, muitas pessoas a eles se deslocam no intuito de visitar parentes ou amigos, fazer negócios ou em conferências. O fluxo turístico existente é predominantemente regional e tem o Estado de Minas Gerais o maior emissor. O uso de pacotes turísticos é inexistente. Carros e ônibus são os meios de transporte mais utilizados pelos visitantes, uma vez que existem apenas três aeroportos na região com fluxo de aeronaves privadas e de remoção. 

Porém, dada à proximidade e facilidade de acesso aos equipamentos com potencial turístico e às atrações culturais, a visita é praticamente inevitável.

Já os clientes em potencial encontram-se na região sudeste do Brasil e são aqueles interessados em consumir largamente as atrações dos municípios de destino por experiências sociais, diversões, compras e oportunidades culturais.

Em relação à qualidade dos serviços ofertados, é importante ressaltar que o sucesso da Associação Circuito Turístico Campo das Vertentes depende inicialmente da capacidade de planejamento e implantação de roteiros que transformem o potencial turístico dos municípios afiliados em produtos turísticos.

Diante da análise dos critérios e dos conceitos utilizados para fundamentar esse Plano de Negócio, conclui-se que o Circuito Turístico Campo das Vertentes será a principal instituição interlocutora e articuladora da cadeia produtiva regional junto ao mercado e esferas de gestão pública e privada em sintonia com a Política Estadual de Turismo de Minas Gerais.

►ÁREA DE ATUAÇÃO

Atualmente, os municípios afiliados ao Circuito Turístico Campo das Vertentes são: Carmo da Mata, Carmo do Cajuru, Carmópolis de Minas, Divinópolis, Itapecerica e São Francisco de Paula, que congregam cerca de quatro mil Km², população aproximada de quatrocentos mil habitantes.

Os municípios associados ao Circuito Turístico Campo das Vertentes congregam cerca de três mil Km², população aproximada de cento e trinta mil habitantes e apresentam destacada posição estratégica para promoção e desenvolvimento sustentável do turismo regional graças às imensas riquezas biológicas, minerais, hídricas, históricas, culturais e relevantes equipamentos com potencial para a atividade turística.

O associativismo entre esses municípios visa somar os atrativos, equipamentos e serviços turísticos com objetivo de enriquecer a oferta turística, ampliar as opções de visita e a satisfação do turista com consequente aumento do fluxo e da permanência dos visitantes nesta área geográfica, geração de trabalho, renda, integração regional, qualidade de vida e o fortalecimento da cadeia produtiva do setor turístico.

Pandemia Obriga Semana Santa de Silêncio em Várias Cidades do Interior de Minas Gerais.

Período que costuma significar aquecimento no turismo de cidades do interior das Minas Gerais como: Carmo da Mata, Cláudio, Oliveira e Itapecerica será de ruas e igrejas vazias. 

Estás cidades do Centro-Oeste, cancelaram as cerimônias presenciais da semana santa. Os moradores destes municípios, assistentem à nova fuga de visitantes que reforçam, os protocolos contra a COVID-19, enquanto  a tonalidade roxa, tão típica da quaresma, simbolizando a Paixão de Cristo, cobre agora não apenas os altares das igrejas como também de várias regiões no mapa de Minas Gerais, em que o avanço da Covid-19 assusta a população. 

sexta-feira, 19 de março de 2021

Padre Luís Alarcon: O Milagreiro dos Campos.




—►Na década de 60, a Comunidade dos Campos, na zona rural de Carmo da Mata, tornou-se palco de um fenômeno religioso de repercussão nacional. Sem precedentes na história da Região, esse fenômeno teve como protagonista o Padre Boliviano Luís Alarcón, que apareceu no município e passou a realizar o que alguns consideraram curas milagrosas.
Venerado por uns, que o viam como o Milagreiro dos Campos, combatido por outros, que o julgavam um impostor, Alarcón, ligado à Igreja Católica Brasileira, uma dissidência da Igreja Católica Apostólica Romana, chegou a atrair dezenas de milhares de pessoas vindas de várias partes do país. Apesar da fama, em 1967, nove meses depois de chegar à Região, ele acabou denunciado e preso por órgãos de segurança pública. E desapareceu da região tão rápido quanto surgiu.
Anos depois, a  Revista Memória Carmense teve acesso a documentos do Processo Judicial, entrevistou pessoas que conheceram Alarcón e foi até ao local em que ele habitou na Região. O resultado da pesquisa, que incluiu a busca de informações em arquivos da imprensa e de órgãos oficiais de documentação, é tão enigmático quanto a conturbada passagem do sacerdote pela Região.
Afinal, quem foi Alarcón? Um sacerdote que agia movido por um dom de cura concedido por Deus, ou um homem que se utilizava da fé para tirar vantagens da necessidade de cura dos fiéis? Eis a questão, ainda não respondida de modo conclusivo. 

Quem visita hoje a Comunidade dos Campos, situada entre Carmo da Mata, São Francisco de Paula e Oliveira, não percebe sinais da intensa movimentação que tomou conta do lugar em meados dos anos 60, quando ele se tornou o centro de atividades do padre boliviano Luís Mário de Vilarroel Alarcón. Por causa do sacerdote, que chegou ao Povoado com a fama de ser o intermediário de milagres feitos por Nossa Senhora Aparecida, o pequeno Povoado transformou-se, rapidamente, num centro de romarias. A presença de visitantes, vindos de diferentes partes do país em busca de cura para seus males ou apenas por curiosidade, foi tão grande que atraiu a atenção de grandes órgãos da imprensa como a extinta revista “O Cruzeiro”, que tinha, na década de 60, o mesmo papel hoje desempenhado por publicações como ‘Veja’ e ‘Istoé’. Em novembro de 1966, Fernando Richard e Leopoldo José de Oliveira, repórteres da Revista, foram à cidade, acompanhados pelo fotógrafo Nelson Santos, com o objetivo de produzir uma reportagem que saiu em seis páginas, ilustradas com fotografias feitas nos Campos. 
Toda essa ebulição começou em maio de 1966, quando Alarcón passou a morar nos Campos. O sacerdote demorou pouco tempo para conquistar um grupo de amigos fiéis em Carmo da Mata, São Francisco de Paula e Oliveira. É possível, no entanto, que nem mesmo os colaboradores mais próximos de Alarcón na Região tenham tido conhecimento detalhado de sua trajetória anterior. “Ele contava que veio da Bolívia fugindo da guerra, porque o governo queria que os padres também fossem lutar”, lembrava o lavrador Joaquim Francisco da Silva, o Joaquim Rita, que na época tinha 85 anos, que morava nos Monteiros, próximo aos Campos, ele emprestou uma casa para que Alarcón pudesse morar durante o tempo em que permaneceu na Região. A pequena e modesta residência, situada fora do aglomerado de moradias da região, é ocupada hoje por uma sobrinha do lavrador e sua família. 
Se o motivo da imigração de Alarcón foi fugir de alguma guerra, é algo obscuro ainda hoje, assim como são obscuros vários episódios de sua vida. O pouco que se sabe do sacerdote é baseado em informações extraídas da imprensa e dos processos judiciais movidos contra ele. Notícia publicada pelo jornal Estado de Minas em 17 de fevereiro de 1967 informa que o sacerdote nasceu em Cochabamba, na Bolívia. Aos repórteres que o entrevistaram para O Cruzeiro, Alarcón disse que havia sido ordenado em Barcelona, na Espanha, em 1948. O sacerdote também relatou aos repórteres que havia sido enviado ao Brasil na década de 50 para realizar trabalho missionário, chegando a ser professor de uma faculdade de filosofia no Mato Grosso.
Por volta de 1956, ainda segundo o relato, Alarcón se desligou da Igreja Católica Apostólica Romana e se juntou à Igreja Católica Apostólica Brasileira, que tem, aliás, uma história tão polêmica quanto a do sacerdote boliviano. Dissidência da Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Brasileira foi fundada em 1945 pelo bispo carioca Dom Carlos Duarte Costa. Seu fundador — que já havia sido bispo das Dioceses de Botucatu e de Maura, esta última na Mauritânia, na África — foi expulso da Igreja Romana após fazer por vários anos uma pregação que incluía a condenação do celibato clerical e do apoio dado pela Igreja de Roma a partidos de direita, que ele considerava simpatizantes do fascismo. Antes disso, Dom Duarte Costa, falecido em 1967 e transformado em “São Carlos do Brasil” pela Igreja Brasileira, havia feito forte campanha contra a ditadura de Getúlio Vargas. Há indícios de que alguns dos elementos da personalidade de Dom Duarte Costa tenham influenciado Alarcón, que nunca chegou, contudo, a adotar uma postura política tão incisiva. 

►Pastoreando

Segundo a revista O Cruzeiro, Alarcón chegou aos Campos por intermédio do fazendeiro Orozimbo Ribeiro, que o convidou para morar em suas terras e dar assistência religiosa à população. Essa relação de confiança entre o sacerdote e o fazendeiro sugerida pela reportagem diverge do relato do lavrador Joaquim Rita, que menciona o fato de Alarcón ter se desentendido com Orozimbo. O motivo da desavença teria sido a gleba em que o sacerdote realizava seu trabalho espiritual. Na versão de Joaquim, Orozimbo vendeu o terreno a Alarcón, mas não lhe permitiu transcrever a escritura. Além disso, o fazendeiro teria tentado criar obstáculos para que colaboradores do padre pudessem construir uma estrada que levasse os fiéis até a parte mais alta do terreno, onde estava uma pequena casa de madeira na qual ele pregava. Segundo Joaquim, Alarcón fez um pronunciamento na ocasião. “O padre falou: ‘Fulano [Orozimbo] vai morrer, mas não vai ser como vocês. Ele vai sumir. A Nossa Mãe não gostou dele e Deus também não vai gostar”, diz. A versão de Orozimbo para o caso não chegou a ser conhecida. O fazendeiro desapareceu misteriosamente alguns anos depois, na década de 70, enquanto caminhava por ruas de Carmo da Mata. Uma história corrente na cidade diz que ele foi convidado a entrar num carro azul no início de uma noite e nunca mais foi visto. Jamais foram descobertas indicações sobre o paradeiro ou o corpo de Orozimbo.

►Milagres x encenações

A equipe de O Cruzeiro, reconstituiu com base em testemunhos de moradores, algumas das curas milagrosas atribuídas a Alarcón, as quais parecem não ter sido checadas pelos repórteres. O primeiro dos relatos refere-se a uma mulher de Divinópolis que seria cega e teria voltado a ver após receber a bênção de Alarcón. Também foram encontradas histórias sobre um cigano que teria ficado curado de dores, uma menina que teria se levantado da cadeira de rodas após vários anos de paralisia e um cego que teria voltado à sua terra, em Goiás, completamente curado. A única declaração literal de Alarcón reproduzida pela reportagem refere-se à sua explicação para as curas: “Teologicamente poderiam ser chamadas de milagres, mas, à luz da Ciência, são denominados fenômenos da Metafísica”, declarou. Em Carmo da Mata, há depoimentos que coincidem em vários pontos com o relato colhidos pela revista O Cruzeiro.

►Prisão

A prisão de Alarcón foi efetuada pelos agentes federais Alfredo Gomes e Paulo Trindade. Para chegar até o sacerdote, ambos simularam estar doentes e ficaram nas imediações da casa que ele ocupava nos Campos, aguardando uma oportunidade de solicitar-lhe uma bênção de cura. No momento em que Alarcón decidiu conceder-lhes uma entrevista, foi preso rapidamente. A ação, monitorada de Belo Horizonte, foi desencadeada de madrugada com o objetivo de impedir que fiéis interferissem. Mesmo assim, vários seguidores do padre boliviano, ao tomarem conhecimento de que ele estava sendo preso, mobilizaram-se para tentar libertá-lo. Os agentes federais presenciaram então uma demonstração impressionante de fidelidade. “Tudo foi realizado rapidamente para que os fanáticos não tentassem interferir na prisão, mas mesmo assim um grupo de pessoas acompanhou a viatura que transportou a viatura até Belo Horizonte”, diz a reportagem publicada no Estado de Minas no dia 17 de fevereiro. 
Alarcón ficou preso em Belo Horizonte durante todo o dia 17, à disposição dos órgãos de segurança pública. Na porta do órgão, as manifestações continuavam. “Os fanáticos queriam de toda forma convencer o major Vicente Gomes da Mata a colocar em liberdade o padre ‘milagroso’”, escreveu o Estado de Minas na mesma edição de 17 de fevereiro, com um tom que demonstra franca antipatia a Alarcón. Às 19 horas, temendo que os fiéis tentassem algum tumulto para libertar o sacerdote, o major determinou que o sacerdote fosse levado a Brasília, onde ele foi ouvido pelo Departamento Federal de Segurança Pública em Brasília a respeito de suas atividades em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para justificar a prisão, o major Vicente Gomes, repetindo o que o delegado Fábio Alvim Machado havia dito em seu relatório, divulgou em Belo Horizonte a notícia de que Alarcón havia sido condenado pelo crime de corrupção de menores. Não consta, no entanto, que ele tenha cumprido essa pena. Na ocasião da prisão, o Departamento Federal de Segurança Pública também anunciou que o Ministério da Justiça havia decidido expulsar Alarcón do território nacional. A nota do jornal Estado de Minas, já na edição de 18 de fevereiro, foi de novo sensacionalista: “Em conseqüência da condenação do padre da Igreja Católica Brasileira, será ele extraditado do Brasil nos próximos dias”. 
Embora anunciada pela imprensa, a expulsão de Alarcón não chegou a ocorrer. Algum tempo depois da prisão, ele foi solto e retomou sua vida religiosa. As poucas informações disponíveis indicam que Alarcón se fixou numa paróquia da Igreja Brasileira no bairro Santa Mônica, em Belo Horizonte, onde ficou até o fim da vida. Na paróquia, chamada de Vila Jerusalém, Alarcón deixou a barba crescer e chegou a bispo da Igreja Brasileira. Foi como “Dom Alarcón” que ele autografou, em 15 de novembro de 1975, uma fotografia dada ao lavrador Joaquim Rita, que chegou a visitá-lo por mais de uma vez em Belo Horizonte. Mas os tempos eram outros. Desde a saída de Alarcón dos Campos, não houve notícia de polêmicas religiosas envolvendo seu nome. Há cerca de 5 anos, longe dos holofotes da imprensa e do alarde dos tempos em que arrebatava multidões na região, o “Milagreiro dos Campos” foi prestar contas a Deus. 

►Matéria originalmente extraída da Revista Memória Carmense Edição 09 do ano de 2007, pertencente ao Jornal Tribuna do Carmo.

quarta-feira, 17 de março de 2021

O Farmacêutico que ajudou a combater a Gripe Espanhola e se transformou num dos principais intelectuais e homens públicos do município de Cláudio.



Em 1918, quando Cláudio ainda era uma pequena vila, o farmacêutico Clarimundo Agapito Pais estava empenhado em uma dura batalha. O motivo da luta não era familiar, político, comercial ou religioso. 

Clarimundo combatia a Gripe Espanhola, epidemia que assolou várias partes do mundo e levou à morte entre 20 e 40 milhões de pessoas. Com consequências muito drásticas,a Espanhola chegou a superar a Primeira Guerra Mundial em número de mortos, entrando para a história como um dos momentos mais difíceis do século XX. 
No Brasil, calcula-se que cerca de 300 mil pessoas tenham morrido por causa da doença, entre elas o presidente da República, Rodrigues Alves. Combater a epidemia exigiu coragem e determinação. Clarimundo não só demonstrou essas qualidades, como ainda provou ser capaz de se sacrificar em prol do próximo. 

Segundo Antônio Martins Amorim, que em 1970 escreveu um artigo por ocasião do centenário de nascimento do farmacêutico, ele raramente ficou em casa naqueles dias. 
Numa época em que a região era carente de profissionais de saúde, Clarimundo era chamado constantemente para atender a chamados vindos de fora da vila de Cláudio. Dormir mal acomodado, muitas vezes entre os próprios doentes, tornou-se parte de sua rotina. Para dar conta de tantas viagens, o farmacêutico chegou a manter três animais de montaria, que usava em revezamento: um no arreio, outro no pasto e um terceiro na cocheira. 

Em outra ocasião, quando uma epidemia de varíola atingiu Cláudio, Clarimundo voltou a atuar diretamente e conseguiu salvar muitas vidas. Como fez por ocasião da Gripe Espanhola, o farmacêutico não teve medo de se expor ao convívio dos doentes infectados. 

Apesar do contágio rápido e fácil, que se tornava ainda maior pela falta de recursos, Clarimundo e seus familiares conseguiram passar pelas duas doenças sem qualquer problema. 

O trabalho do farmacêutico, nessas e em outras ocasiões, era muito maior que o dos profissionais de hoje, pois a maioria dos medicamentos não vinha pronta dos laboratórios e precisava ser manipulada. 

Das mãos de Clarimundo saíram pílulas, xaropes, poções, pomadas e vários outros remédios para curar os mais diferentes males. Dono de inteligência muito acima da média, o farmacêutico, formado pela antiga Escola de Farmácia de Ouro Preto, também inventou fórmulas, entre elas “pílulas antiepiléticas”, “sal veterinário”, “calicida”, entre outras. 

O combate à Gripe Espanhoa e à varíola, assim como a proteção desinteressada aos doentes, representam apenas uma parte das diversas realizações de Clarimundo, considerado um dos mais destacados homens públicos da história claudiense.

#Tribuna de Cláudio

sábado, 13 de março de 2021

Moderada a euforia causada pela emancipação em 30 de agosto de 1911, os claudienses passaram a aguardar os festejos e as solenidades da instalação da cidade, recém desmembrada de Oliveira



Moderada a euforia causada pela emancipação em 30 de agosto de 1911, os claudienses passaram a aguardar os festejos e as solenidades da instalação da cidade, recém desmembrada de Oliveira. Os meses foram se passando e os cidadãos claudienses tiveram que esperar quase um ano para a instalação do município, que aconteceu no dia 1º de julho de 1912.  

No dia da instalação o município revestiu-se de grande solenidade com a participação de toda a população e de convidados de diversas localidades para os festejos comemorativos da instalação, a cidade se viu apinhada de pessoas que, ansiosamente, aguardavam o evento. A sede do novo município caprichosamente ornamentada em suas principais ruas oferecia um aspecto aconchegante e hospitaleiro que realçava a beleza topográfica da cidade, cujos edifícios principais bem tratados atestavam a abastança e o conforto de uma sociedade culta. Às 04:00 horas da manhã, após uma salva de 21 tiros de dinamite, foi hasteado no paço municipal o pavilhão nacional, executado o Hino Nacional; logo em seguida saiu uma avultada passeata acompanhada de duas excelentes bandas claudienses. 

Às 09:00 horas, grande multidão acompanhada pelas bandas de músicas e orientada pela comissão dos festejos aguardava na plataforma da estação ferroviária a chegada dos convidados pelo expresso das 09:00 horas. Ao chegar o comboio, ao som de dobrados marciais e estourar de foguetes ergueram-se aclamações e saudações aos convidados que ali desembarcavam: Deputado Ferreira de Carvalho, representantes do Governo do Estado, Dr. Francisco Sales, ao Coronel João Alves de Oliveira e ao redator do Jornal Gazeta de Minas da cidade de Oliveira, Olympio de Castro. 

De volta da estação, ao passar o cortejo pela Rua Direita, da sacada do paço municipal, o ilustre farmacêutico Clarimundo Agapito Pais saudou o deputado Ferreira de Carvalho; logo depois da saudação de Clarimundo o deputado em um brilhante discurso de improviso prometeu seus esforços em prol da nova cidade de Cláudio. A comitiva dirigiu-se em seguida para a residência do Sr. Antônio Guimarães onde foi servido um excelente almoço aos convidados. Logo após o almoço, iniciou-se a missa solene celebrada pelo querido vigário na época, João Alexandre de Mendonça, que também concedeu bênção para o novo município. Dando sequência aos festejos foi organizada uma belíssima procissão conduzindo o crucifixo até o prédio do paço onde foi colocado em um nicho próprio, no salão nobre da Câmara. Neste momento, usaram da palavra o vigário João Alexandre de Mendonça enaltecendo a sociedade claudiense, dando parabéns e evocando bênçãos do céus para o novo município, discurso esse que foi muito aplaudido pelos presentes. 

Às 12:00 horas tomaram assento os vereadores, presidindo a sessão o vereador José Gonçalves Ferreira Primo, por ser o mais velho e que já presidia as sessões preparatórias, secretariado pelo vereador mais moço Ascânio Cândido de Moraes Castro que, de pé e com a mão no livro dos Santos Evangelhos, prestando assim o juramento que foi seguido pelos demais vereadores. Nesse momento, houve uma salva de fogos de artifícios, o Hino Nacional foi executado e os vereadores cobertos por confetes dourados por gentis senhoras. 

Em seguida, lavrou-se o termo de instalação do município e a eleição do presidente, sendo eleito unanimemente o Major Joaquim da Silva Guimarães, presidente da Câmara.  Sendo assim, o Major Joaquim da Silva Guimarães assumiu a presidência e declarou que ia proceder a eleição de vice-presidente e secretário; para vice-presidente foi eleito o farmacêutico Clarimundo Agapito Pais e para secretário Dr. Felício Brandi. Também naquele momento ficaram definidas as comissões permanentes. Na época da instalação do município de Cláudio, em julho de 1912, quem exercia o poder executivo nas cidades eram as Câmaras Municipais através do seu presidente, que tinham funções executivas como as das atuais prefeituras de hoje. 

O farmacêutico Clarimundo leu vários telegramas e cartas do Governo do Estado, dando os parabéns e fazendo votos pela prosperidade da comunidade. Também foi apresentado ofício do senhor chefe de Polícia do Estado que não estava presente, mas que se fazia representado pelo delegado Carlos Libâneo Rodrigues. Por intermédio de sua netinha, Maria José Victoy Pais, filha do ilustre vereador Clarimundo Agapito Pais, a primeira professora nomeada para Cláudio que, em 1912, já se encontrava aposentada a Sra. Maria de Jesus Pais, a Sá Mestra, remeteu um ofício oferecendo um tinteiro de fino valor e uma caneta e pena de ouro para serem usados na nova Câmara Municipal da nova cidade. 

A criança Maria José recebeu os agradecimentos e retirou-se debaixo de uma chuva de confetes dourados. Clarimundo Agapito Pais tomou a palavra e fez o discurso oficial apresentando inda inúmeras cartas de congratulações pelo acontecimento, entre elas a do deputado Pandiá Calógeras Senna Figueiredo e Lamounier e do Sr. Luís Antônio, dentre outras. O deputado Ferreira de Carvalho, em um eloquente e primoroso discurso, saudou o novo município e seus batalhadores, recebendo vivas e aplausos da multidão que aclamou entusiasmadamente. Seu discurso foi sucedido pelos senhores Dr. Oliveira Braga, Dr. Ronan da Silva, o vigário João Alexandre de Mendonça e, por último, Pedro Aragão e Carmona que falou em espanhol e salientou os serviços da venerada professora D. Maria de Jesus Pais, a Sá Mestra, e na ocasião também destacou a importância do vigário na formação da atual sociedade e dos ilustres iniciadores da criação do município, o Major Joaquim da Silva Guimarães e o farmacêutico Clarimundo Agapito Pais. Terminadas as solenidades houve bênçãos do Santíssimo Sacramento pelo vigário acolitado e pelo seu ilustre coadjutor Padre Henrique de Moraes.

Mais festejos 

Depois da noite glamourosa com baile no salão nobre da Câmara e sessão cinematográfica no cinema permanente local. No dia seguinte, também houve baile e mais sessão cinematográfica. A Câmara Municipal já em atividade também realizou várias reuniões para se tratar de matérias urgentes; em sua terceira sessão, o secretário Dr. Felício Brandi através de requerimento sugeriu que a Câmara e as autoridades acompanhassem o ilustre deputado Ferreira de Carvalho até a Estação Ferroviária por ocasião de sua partida da cidade. 

O vereador Clarimundo Agapito Pais comovido e grato fez um discurso de despedida representando o povo de Cláudio; Ferreira de Carvalho, da plataforma do vagão, despediu-se e agradeceu a receptividade da mais nova cidade de Minas Gerais. A Câmara, em sua sessão de posse, apresentou-se uma moção unânime aprovada pelos edis de agradecimentos e apoio ao Coronel Bueno Brandão, Dr. Delfim Moreira, Ferreira de Carvalho, Senna Figueiredo e Dr. Francisco Sales.  

A comissão de festejos da Instalação do Município de Cláudio era composta pelo Coronel Domingos Guimarães, Carlos Libâneo, Capital João Cândido de Moraes Castro, João Batista de Assis e Ascânio Candido de Moraes Castro, também existia comissão de ornamentação composta pelos senhores Inocêncio Amorim, João Gonçalves C. Sobrinho, João Calixto, Virgílio Moura, Jupyra Lopes e as senhoras Iracema Amorim, Isaltina Victoy, Maria Mourão e D. Mariana de Assis. E assim, em meio a maior alegria, entusiasmo e vibração, os claudienses com os olhos fixos em Deus e em sua Padroeira Nossa Senhora da Conceição Aparecida, deram início à nova vida alicerçada nos preceitos da ordem do progresso.

Moderada a euforia causada pela emancipação em 30 de agosto de 1911, os claudienses passaram a aguardar os festejos e as solenidades da instalação da cidade, recém desmembrada de Oliveira. Os meses foram se passando e os cidadãos claudienses tiveram que esperar quase um ano para a instalação do município, que aconteceu no dia 1º de julho de 1912.  No dia da instalação o município revestiu-se de grande solenidade com a participação de toda a população e de convidados de diversas localidades para os festejos comemorativos da instalação, a cidade se viu apinhada de pessoas que, ansiosamente, aguardavam o evento. A sede do novo município caprichosamente ornamentada em suas principais ruas oferecia um aspecto aconchegante e hospitaleiro que realçava a beleza topográfica da cidade, cujos edifícios principais bem tratados atestavam a abastança e o conforto de uma sociedade culta. Às 04:00 horas da manhã, após uma salva de 21 tiros de dinamite, foi hasteado no paço municipal o pavilhão nacional, executado o Hino Nacional; logo em seguida saiu uma avultada passeata acompanhada de duas excelentes bandas claudienses. Às 09:00 horas, grande multidão acompanhada pelas bandas de músicas e orientada pela comissão dos festejos aguardava na plataforma da estação ferroviária a chegada dos convidados pelo expresso das 09:00 horas. Ao chegar o comboio, ao som de dobrados marciais e estourar de foguetes ergueram-se aclamações e saudações aos convidados que ali desembarcavam: Deputado Ferreira de Carvalho, representantes do Governo do Estado, Dr. Francisco Sales, ao Coronel João Alves de Oliveira e ao redator do Jornal Gazeta de Minas da cidade de Oliveira, Olympio de Castro. De volta da estação, ao passar o cortejo pela Rua Direita, da sacada do paço municipal, o ilustre farmacêutico Clarimundo Agapito Pais saudou o deputado Ferreira de Carvalho; logo depois da saudação de Clarimundo o deputado em um brilhante discurso de improviso prometeu seus esforços em prol da nova cidade de Cláudio. A comitiva dirigiu-se em seguida para a residência do Sr. Antônio Guimarães onde foi servido um excelente almoço aos convidados. Logo após o almoço, iniciou-se a missa solene celebrada pelo querido vigário na época, João Alexandre de Mendonça, que também concedeu bênção para o novo município. Dando sequência aos festejos foi organizada uma belíssima procissão conduzindo o crucifixo até o prédio do paço onde foi colocado em um nicho próprio, no salão nobre da Câmara. Neste momento, usaram da palavra o vigário João Alexandre de Mendonça enaltecendo a sociedade claudiense, dando parabéns e evocando bênçãos do céus para o novo município, discurso esse que foi muito aplaudido pelos presentes. Às 12:00 horas tomaram assento os vereadores, presidindo a sessão o vereador José Gonçalves Ferreira Primo, por ser o mais velho e que já presidia as sessões preparatórias, secretariado pelo vereador mais moço Ascânio Cândido de Moraes Castro que, de pé e com a mão no livro dos Santos Evangelhos, prestando assim o juramento que foi seguido pelos demais vereadores. Nesse momento, houve uma salva de fogos de artifícios, o Hino Nacional foi executado e os vereadores cobertos por confetes dourados por gentis senhoras. Em seguida, lavrou-se o termo de instalação do município e a eleição do presidente, sendo eleito unanimemente o Major Joaquim da Silva Guimarães, presidente da Câmara.  Sendo assim, o Major Joaquim da Silva Guimarães assumiu a presidência e declarou que ia proceder a eleição de vice-presidente e secretário; para vice-presidente foi eleito o farmacêutico Clarimundo Agapito Pais e para secretário Dr. Felício Brandi. Também naquele momento ficaram definidas as comissões permanentes. Na época da instalação do município de Cláudio, em julho de 1912, quem exercia o poder executivo nas cidades eram as Câmaras Municipais através do seu presidente, que tinham funções executivas como as das atuais prefeituras de hoje. O farmacêutico Clarimundo leu vários telegramas e cartas do Governo do Estado, dando os parabéns e fazendo votos pela prosperidade da comunidade. Também foi apresentado ofício do senhor chefe de Polícia do Estado que não estava presente, mas que se fazia representado pelo delegado Carlos Libâneo Rodrigues. Por intermédio de sua netinha, Maria José Victoy Pais, filha do ilustre vereador Clarimundo Agapito Pais, a primeira professora nomeada para Cláudio que, em 1912, já se encontrava aposentada a Sra. Maria de Jesus Pais, a Sá Mestra, remeteu um ofício oferecendo um tinteiro de fino valor e uma caneta e pena de ouro para serem usados na nova Câmara Municipal da nova cidade. A criança Maria José recebeu os agradecimentos e retirou-se debaixo de uma chuva de confetes dourados. Clarimundo Agapito Pais tomou a palavra e fez o discurso oficial apresentando inda inúmeras cartas de congratulações pelo acontecimento, entre elas a do deputado Pandiá Calógeras Senna Figueiredo e Lamounier e do Sr. Luís Antônio, dentre outras. O deputado Ferreira de Carvalho, em um eloquente e primoroso discurso, saudou o novo município e seus batalhadores, recebendo vivas e aplausos da multidão que aclamou entusiasmadamente. Seu discurso foi sucedido pelos senhores Dr. Oliveira Braga, Dr. Ronan da Silva, o vigário João Alexandre de Mendonça e, por último, Pedro Aragão e Carmona que falou em espanhol e salientou os serviços da venerada professora D. Maria de Jesus Pais, a Sá Mestra, e na ocasião também destacou a importância do vigário na formação da atual sociedade e dos ilustres iniciadores da criação do município, o Major Joaquim da Silva Guimarães e o farmacêutico Clarimundo Agapito Pais. Terminadas as solenidades houve bênçãos do Santíssimo Sacramento pelo vigário acolitado e pelo seu ilustre coadjutor Padre Henrique de Moraes.
Mais festejos 

Depois da noite glamourosa com baile no salão nobre da Câmara e sessão cinematográfica no cinema permanente local. No dia seguinte, também houve baile e mais sessão cinematográfica. A Câmara Municipal já em atividade também realizou várias reuniões para se tratar de matérias urgentes; em sua terceira sessão, o secretário Dr. Felício Brandi através de requerimento sugeriu que a Câmara e as autoridades acompanhassem o ilustre deputado Ferreira de Carvalho até a Estação Ferroviária por ocasião de sua partida da cidade. O vereador Clarimundo Agapito Pais comovido e grato fez um discurso de despedida representando o povo de Cláudio; Ferreira de Carvalho, da plataforma do vagão, despediu-se e agradeceu a receptividade da mais nova cidade de Minas Gerais. A Câmara, em sua sessão de posse, apresentou-se uma moção unânime aprovada pelos edis de agradecimentos e apoio ao Coronel Bueno Brandão, Dr. Delfim Moreira, Ferreira de Carvalho, Senna Figueiredo e Dr. Francisco Sales.  

A comissão de festejos da Instalação do Município de Cláudio era composta pelo Coronel Domingos Guimarães, Carlos Libâneo, Capital João Cândido de Moraes Castro, João Batista de Assis e Ascânio Candido de Moraes Castro, também existia comissão de ornamentação composta pelos senhores Inocêncio Amorim, João Gonçalves C. Sobrinho, João Calixto, Virgílio Moura, Jupyra Lopes e as senhoras Iracema Amorim, Isaltina Victoy, Maria Mourão e D. Mariana de Assis. E assim, em meio a maior alegria, entusiasmo e vibração, os claudienses com os olhos fixos em Deus e em sua Padroeira Nossa Senhora da Conceição Aparecida, deram início à nova vida alicerçada nos preceitos da ordem do progresso.

Tribuna de Cláudio