sexta-feira, 5 de março de 2021

Como o seu próprio nome indica, Expedita era desembaraçada, despachada mesmo; o que tinha para dizer, ou para solicitar, era na hora, com sua rapidez e eficiência de mulher bem vivida.

#Expedita: uma risada que ecoa no tempo...

=>  Com seus vestidos rodados, com os corpetes bem ajustados em seu corpo, rodeados por laçarotes bem arranjados sobre os plissados dos tecidos florais, aparecia a nossa amiga carmense, Expedita. 

Como o seu próprio nome indica, Expedita era desembaraçada, despachada mesmo; o que tinha para dizer, ou para solicitar,  era na hora, com sua rapidez e eficiência de mulher bem vivida.

Expedita tinha uma marca registrada: era feliz! Cantarolava pelas Ruas de Carmo da Mata, com suas inseparáveis sombrinhas. Sempre impecável em seu trajar! Trazia consigo as boas gargalhadas estridentes de quem vivia a vida intensamente. 
Gostava de uma boa pinga e, com toda a sua sensibilidade, sabia respeitar e exigir, acima de tudo, o respeito para com ela própria. 
Às vezes, carmenses desrespeitosos, chamavam-na de apelidos pejorativos, só para verem-na nervosa, gritando, ralhando com quem a tinha importunado. Era o 'Bullying' de sua época! Foi uma forma que pessoas 'desavisadas e desrespeitosas', encontravam para externar suas atitudes agressivas, verbais e  intencionais. 
Expedita sempre foi vítima desse indesejável bullying, pois sempre havia alguém, na rua ou numa esquina que,  em repetitivas vezes,  sem nenhuma motivação, causava-lhe dor e angústia em sua alma pura. Eram pessoas (que, lamentavelmente ainda existem) que tinham apenas a idiota pretensão e  objetivo de intimidar ou agredir o seu semelhante. 

Mas, Expedita saía por cima: por uns instantes, ainda nervosa, dizia: "Vou te denunciar para o Doutor Iracy (Delegado de Polícia Civil da época e muito amigo de Expedita); você vai ver, seu...! Sua...! E desabafava entre 'cobras e lagartos'. E, realmente, ela se dirigia até a residência do Dr. Iracy e apresentava suas queixas; entretanto, sempre era muito bem recebida, pelo Delegado ou por sua esposa, Dona Dyrce Couto Bicalho que, após uma 'psicológica' conversa, acalmavam os ânimos da irada Expedita.

E assim foi, por muitos e muitos anos a fio. 

Mas Expedita fazia jus ao seu nome: sempre de cabeça erguida, com sua honestidade e simplicidade, causava verdadeira admiração em quem a conheceu.  Era muito bem recebida em casas de família, onde as donas de casa e seus familiares sempre tratavam-na com extremado carinho e afeto. Expedita, numa dessas residências, onde era sempre bem-vinda, assentava-se, comportadamente à mesa e fazia, com dignidade suas refeições, ao lado de quem a amava e adorava seus 'causos' e suas gargalhadas estridentes. 
Sua risada era tão 'gostosa' de se ouvir, que todos ríamos juntos dela. Ela fazia parte de nossos clãs; era adorada e sempre alegrava o nosso viver. Sua transparência de ser humano de primeira grandeza elevava nossos ânimos, 'pro dia nascer feliz', como canta Cazuza. 

Expedita nos deixou a grande lição e sabedoria de mostrar às outras pessoas, que, às vezes, intencionalmente, ou não, nos magoam, que possuímos dentro de nós a possibilidade e a  capacidade de nos defender, demonstrando que todos devemos viver  uma relação de igualdade.  

Demonstrações de força e poder, são tão transitórias, que só nos restam as lembranças das boas gargalhadas de nossa eterna amiga Expedita. 

Expedita: eternizada em nossos corações!

Foto:  Gabriel  Franciscani -  Arquivo Tribuna do Carmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário