No inquérito que foi encaminhado à promotoria de justiça, no dia 15 de março de 2013, a delegada pede indiciamento de Tiago Pinto e Tiago Reis, no artigo 121 (matar alguém), parágrafo 2º (Se o homicídio é cometido) IV (à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido).
O pedido de indiciamento partiu com base nas investigações que duraram mais de um ano. Nele consta que ficou provado que as duas facas encontradas no local do crime pertencem à residência de Tiago Pinto, bem como o aparelho celular também encontrado na cena do crime.
Já Tiago Reis foi contraditório em suas declarações. Inicialmente, em seu primeiro depoimento, informou que deixou que a vítima lhe fizesse sexo oral, isso por volta das cinco horas da manhã, já que saiu do “Trailler da Jane”, por volta das 04 horas e 30 minutos. Combinou que iria à sua casa pegar preservativo e retornaria, porém desistiu de voltar. Afirmou também não saber se Fogão continuou no mesmo local. Em seu segundo depoimento, Tiago Reis deu uma nova versão dos fatos, informando que, na noite do crime, comprou no “trailer do Beto”, dois envelopes de preservativos, sendo que, um deles deu para um amigo seu. E que sua intenção era usar os preservativos para fazer sexo com as moças que possivelmente iria conhecer na Danceteria 17. O proprietário do trailer disse, na delegacia, que Reis comprou um pacote com três preservativos. Tiago Reis falou ainda que o trailer da Jane ainda estava aberto.
Sendo que a proprietária do trailer, Jane, disse também, durante seu depoimento, que fechou o trailer às quatro horas da manhã, e que ali permaneceram apenas os Tiagos Pinto e Reis e a vítima Adilson Ferreira Rodrigues, o Fogão. Ressaltando ainda que não havia mais ninguém na praça, que ainda, segundo ela, estava deserta. E que os três ficaram sentados nos bancos fixos do trailer da Geovana que já estava fechado.
Os familiares da vítima disseram que Fogão fazia uso de bebida alcoólica, era alcoólatra e também usuário de drogas. “Apesar do porte físico da vítima, ele era um alvo fácil e, naquela noite, já havia ingerido bebida alcoólica em diversos lugares, inclusive no bar de uma das testemunhas, onde horas antes do crime tomou uma cerveja e, estando de posse de uma garrafinha de 500 ml do refrigerante “Fanta”, pediu a ela que colocasse pinga naquela garrafinha, o que fora feito”, relato do inquérito.
Ainda consta no inquérito, que tanto as testemunhas e a irmã da vítima, afirmaram na delegacia que a vítima estava mantendo um relacionamento amoroso com um jovem rapaz, de olhos claros, com as características do investigado Tiago Reis.
O laudo da seção técnica de biologia e bacteriologia legal do instituto de criminalística comprovou que o material retirado do preservativo encontrado no local do crime não pertence à vítima e nem aos Tiagos. “Acontece que o local onde a vítima fora encontrada é um lugar ermo, afastado do centro, sem iluminação pública e destinado a encontros amorosos, sexuais. Sabemos que nesta cidade não há local apropriado para esse fim. O local também é ponto de encontro de usuários de droga”, consta no inquérito policial.
Na conclusão do inquérito,, a delegada cita “Sendo assim, diante do que foi apurado, não há dúvidas de que os investigados são os autores do crime em apuração. Todas as provas e indícios constantes neste inquérito policial nos conduzem aos investigados Tiago Pinto e Tiago Reis, como sendo os autores do crime, razão pela qual os indicio pela prática do delito tipificado no artigo 121, parágrafo 2º IV”.
Com reportagem de Hérica Viotti
Relembrando o caso
O corpo de Fogão estava com a cabeça fraturada, todo ensanguentado, com o rosto desfigurado, perfurações no pescoço, nas costas e no lado esquerdo do rosto; no ombro e no braço havia um corte profundo. Quando encontrada, a vítima já se encontrava sem vida.
Ao lado do corpo, a Polícia Militar encontrou duas facas tipo serrinha de mesa, um preservativo usado e um aparelho da marca Nokia, com as últimas ligações recebidas de diversos números, além de uma mensagem de texto.
No mesmo dia do crime, a PM recebeu diversos telefonemas informando que Tiago Augusto de Oliveira Reis e Tiago Augusto Rodrigues Pinto ficaram com a vítima até a madrugada, próximos ao Quiosque da Jane. Ambos foram levados até a delegacia de polícia para prestarem esclarecimentos. Tiago Reis falou ao delegado Hamilton da Silva Ferreira, que estava respondendo pela delegacia à época, que Fogão o chamara para fazer um programa, mas não o fez por não ter preservativo, praticando com ele apenas “sexo oral”, ali na Praça Presidente Vargas, próximo à Prefeitura Municipal e, em seguida, foi para casa dormir.
Já Tiago Pinto disse, em seu depoimento, que só tomou conhecimento da perda de seu aparelho celular quando a polícia chegou em sua casa, que estava dormindo até aquela hora e que jamais teve algum contato com Fogão. Tiago também alegou que esteve no Quiosque da Jane com uma turma de amigos, mas que a vítima não estava com os mesmos e nem chegou perto deles.
Na época do crime, o delegado pediu a prisão temporária dos suspeitos, e, hoje, Tiago Reis encontra-se em liberdade e Tiago Pinto encontra-se, ainda, no Centro de Reintegração Beija-Flor em Oliveira.
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