quinta-feira, 1 de março de 2012

Eleições 2012: Política nas pequenas cidades

* Reginaldo Rodrigues
Antes que recebamos algum tipo de “rótulo preconceituoso” é importante afirmarmos que o conceito de pequeno e grande é muito relativo. Uma sala vazia parecerá enorme para uma formiga enquanto que para um elefante será um espaço restrito. O mesmo vale para o tempo. Quando ficamos cinco minutos ao lado de quem amamos parece passar em um piscar de olhos, mas se os mesmos cinco minutos forem a espera para ir ao banheiro ou por copo com água sob um sol escaldante, serão uma eternidade. Por isso não há nada de pejorativo ao escrevermos “pequenas cidades”, que significa apenas que têm menos habitantes ou menor número de eleitores em relação a outras. Nessas cidades, na maioria das vezes, o comportamento dos eleitores e dos políticos tem algumas particularidades, ou seja, há uma cultura que merece algumas análises.
A performance pessoal do candidato, o corpo-a-corpo, nesse ambiente, é muito importante, mais do que qualquer outra coisa. Normalmente nesses locais há a predominância do Voto Político, aquele em que o principal fator influenciador é a ação direta do candidato com o eleitor. O candidato pede pessoalmente o voto, vai na casa do eleitor ou o encontra pelas ruas da cidade ou em reuniões. Em cidades pequenas esse fator motivador chega a representar 80% dos votos. Portanto há uma predominância do Voto Político sobre os outros dois tipos, que são o Voto Ideológico e o Voto Eleitoral que serão abordados em outros artigos.
Há uma tendência na divisão da cidade em dois grupos, às vezes há até certo tipo de bipartidarismo, por mais que seja temporário. Isso é extremamente prejudicial para a cidade. Uma administração constrói algo e depois quando é sucedida por alguém do outro grupo, aquilo que foi construído é destruído e construído novamente. Pode parecer estranho, mas é exatamente isso que acontece. Costuma acontecer algo curioso também, o que foi construído na administração anterior é abandonado, às vezes depedrado deliberadamente através de ações de cunho político. Certa vez vi um terminal rodoviário novo ser abandonado e utilizado de funerária por má vontade política. Foram necessários quatro anos, até que a administração fosse mudada e a rodoviária recebesse os reparos e voltasse a funcionar.
São peculiares ações movidas pelo fanatismo em algumas cidades, sim, o mesmo fanatismo das religiões ou do futebol. A própria palavra em si já nos remete a uma reflexão mais profunda. Originada do francês “fanatisme”, tem entre seus significados: fervor excessivo, irracional e persistente sobre qualquer tema. Isso fica tão evidente em alguns casos, que as pessoas criticam ações administrativas que as beneficiam pelo simples fato de terem sido feitas por alguém do grupo oposto. Segundo psicólogos isso é atribuído a um processo de estreiteza mental, da qual o fanático é acometido, ele perde o discernimento para enxergar o que é benéfico e maléfico. Ele se apega tão desmensuradamente às pessoas ou ideias do grupo político dele que passa isso até para as crianças e adolescentes, que nem são eleitores ainda, é “contagioso”.
Para o eleitor é importante se eximir de conceitos, que ele não sabe de onde vêm, para decidir pelo que é melhor para a comunidade na qual ele está inserido. Para que as coisas mudem, ou para que continuem, se estão indo bem, é muito importante observar de maneira criteriosa o perfil do candidato e do gestor público. Fatores como índole, família, envolvimento com a comunidade, participação em ações sociais têm alta representatividade para os candidatos das pequenas cidades. Não é apenas supervalorizar uma obra simples, para quem está no poder, ou menosprezar um grande projeto executado, para quem é oposição, que irá garantir votos. Tanto candidatos a Prefeito ou Vereador devem ter estratégias bem definidas e noções das necessidades da população para fazerem valer os trabalhos de campanha. O desempenho depende disso.

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