terça-feira, 26 de junho de 2012

Cidadania em Foco


O que se pode esperar da CPI do Cachoeira

José Marco R. Andrade
 
Estamos acompanhando a realização da CPI do Cacheira, que tem como objetivo investigar as relações do contraventor Carlos Cachoeira com o meio político e sua possível influência em relação à contratações de suas empresas pelo governo, e se houve interferência de pessoas ligadas ao governo nessas contratações feitas de forma ilegal.
De tempos em tempos somos colocados na situação de plateia deste evento de extrema importância e que deveria ser conduzido com toda seriedade e comprometimento pelo nosso parlamento. Mas, infelizmente, o que vemos durante as sessões da CPI é um espetáculo patético. O que mais se houve são xingamentos, acusações oportunistas, políticos fazendo pose para as câmeras de televisão e a total ausência de foco no objetivo deste trabalho.
A coisa é tão surreal que na última semana, durante o depoimento dos governadores Marconi Pirilo (GO) e Agnelo Queiróz (DF), assistimos verdadeiras manifestações típicas dos programas de auditório da televisão. O governador Pirilo encarregou-se de levar sua própria “caravana” para apoiá-lo durante o depoimento, inclusive com gritos pedindo que o político fosse o próximo presidente do Brasil. Já o governador Agnelo foi questionado pelos parlamentares através de perguntas previamente selecionadas, e provavelmente ensaiadas, para não haver riscos para o depoente.
Talvez fosse melhor se as sessões da CPI ocorressem nos estúdios do programa do Raul Gil, onde seria dada a oportunidade aos políticos dizerem para quem eles tirariam o chapéu, ou talvez no programa do Silvio Santos, onde o Carlinhos Cacheira poderia fazer o programa distribuindo notas de cem reais em forma de aviãozinho de papel e gritando o bordão: “Quem quer dinheiro?”.
Para um final mais interessante, o melhor mesmo seria que a CPI fosse realizada no saudoso programa do Chacrinha, onde o lendário comunicador, Abelardo Barbosa, armado com sua indefectível buzina, faria o seu papel de juiz tocando seu instrumento estridente no ouvido de cada político ou depoente que tentasse fazer da CPI um espetáculo patético e inútil.
Enfim, resta-nos esperar qual será o sabor da pizza que está sendo assada no forno da CPI do Cachoeira que, independentemente dos ingredientes que serão usados, só saciará a fome dos mesmos oportunistas da política de sempre.

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