sexta-feira, 16 de abril de 2021

O tradicional Boi do Rosário é uma das marcas culturais de Carmo da Mata durante as Festas de Congado






O início da Festa do Rosário, em nosso município, não se pode precisar, mas, o que tudo indica, foi introduzida seguindo o exemplo da cidade de Oliveira.

A reportagem da Tribuna do Carmo teve acesso a uma Ata de 1913, que estava em precário estado de conservação e, uma outra, datada de 1916; o Documento mostrava que a Festa, em Carmo da Mata, era organizada por uma Irmandade das ‘Mercês’ e o nome da Festa era Festa de Nossa Senhora das Mercês. Entretanto, a origem da Festa perdeu-se no tempo, pois, em Oliveira, em 1813, já existia Atas da Festa de Nossa do Rosário. Carmo da Mata, só veio emancipar-se de Oliveira, em 1938, por isso, acredita-se, que a Festa do Rosário, em Carmo da Mata, tem mais de 150 anos.

A tradição do ‘Boi do Rosário’, em Carmo da Mata, foi introduzida sob a influência da Festa Oliveirense. Como antigamente havia dificuldades de divulgação das festas, a do Boi do Rosário percorria as ruas em um cortejo, anunciando que a Festa começaria no dia seguinte ao de sua aparição para o povo. E, tem sido,  assim, até os dias atuais. 

Em entrevista ao Jornal tribuna do Carmo, o Sr. Luiz Moacir, ‘Capitão Mor’ da Festa de Nossa Senhora do Rosário, em Carmo da Mata, declarou que as manifestações do Boi do Rosário aconteceram através de um pedido feito por uma antiga Princesa e um Rei ‘Congo’, da cidade, para que o evento fosse uma forma de visitação a todos Reis, Rainhas e Princesas da Festa do Congo. “Eu fico emocionado quando o Boi do Rosário sai pelas ruas de Carmo da Mata, anunciando os festejos da Festa de Reinado”, disse Luiz Moacir. 

►O Cortejo

Geralmente, nas sextas-feiras, que antecedem as Festas, o Capitão Mor inicia o ritual para a saída do Boi nas ruas. O ato ocorre na Casa do Congadeiro, localizada na Rua Ascânio Diniz, próxima à Escola Municipal Padre Galdino Ferreira Diniz. 

Cinco pessoas se revezam para usarem os apetrechos que compõem a figura do Boi, como a própria cabeça de boi, com seus chifres e adereços, uma capa que termina numa cauda, como um verdadeiro bovino. Assim, dentro desse adereço de cunho festivo, cultural e religioso, o Boi sai em cortejo, pelas ruas da cidade, sendo seguido por adultos, crianças, e muitas outras pessoas que participam do culto das Festas do Rosário.  

►A emoção de ‘ser o Boi’

Flamarion Natal Dutra, mais conhecido como Batata, com seu jeito irreverente de ser, há vários anos, é uma das pessoas que tem a responsabilidade de ‘ser’ o Boi do Rosário, por algumas horas, com suas inusitadas ‘chifradas’ no ar e as correrias entre os que se fazem presentes. “O Guia do Boi’ canta o primeiro verso; é quando os festeiros e o povo respondem: ‘Êh Boi!, é o Boi..., Boi pintado, o Boi azulego’”, afirmou Batata à nossa reportagem.

Segundo Flamarion, quando o Boi passa por alguém, pelas ruas da cidade, o Guia grita: “É o  Boi fulano, é o boi sicrano...” E por aí vai, num misto de ritual profano e religioso, mantendo uma tradição que remonta há tempos e tempos. “Parece que eu incorporo o próprio Boi do Rosário, em seu misticismo afro-brasileiro; é uma emoção muito grande e muito gratificante, pois a Festa do Rosário é passada de geração a geração”, finalizou Batata.

►Com reportagem e fotos de Ricardo Câmara.



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