Carmo da Mata perde um dos maiores articuladores políticos!
Zé do Carrinho morre aos 67 anos, em Divinópolis.
Definir Zé do Carrinho é algo impensável, dizem seus amigos. Tamanha era sua grandeza. Para sua filha, a Claudiana, “sua maior qualidade era ser grande e não demonstrar isso... fazia questão de se manter longe das luzes... meu pai era grande, enorme... de uma maneira assim, difícil de explicar... grande por dentro, se posso dizer assim...”, contou ela emocionada. Com o brilho nos olhos de quem tinha no pai não só o ídolo que todo filho vê, mas algo além que, como ela mesma disse, “não dá para definir. São tantas coisas!”Zé do Carrinho era assim. Diferente, interessante, inteligente. Mesmo sem cursar os bancos escolares podia lecionar... lições de vida. E era assim que ele se rodeava de amigos para ouvir-lhe as lições de cada dia. Um incontável número de pessoas pôde ouvir seus casos, escutar seus conselhos, contar com sua ajuda. Como afirmado no título, era um articulador. Mas não como uma “raposa”, cheia de velhacarias. Zé do Carrinho era o articulador de ações aglutinadoras. Na política, sabia como ninguém definir as situações e apontar os caminhos. Quantos não foram os políticos de Carmo da Mata e de cidades vizinhas que vieram à sua casa buscar opiniões que funcionavam como estratégias eleitorais.
O ídolo da família
Pai de sete filhos (duas meninas e cinco meninos, como dizia), era casado com Valmira Rodrigues da Silva, com quem viveu por 46 anos. Na política, foi um dos principais responsáveis pelas duas eleições do seu irmão, Nem. Para os filhos, os 11 netos e os “muitos filhos, netos e agregados adotivos”, o homem simples, alegre, sempre pronto a contar um causo, a rir de uma situação e até mesmo de colocar um apelido em quem estivesse por perto.
Foi peão de rodeio, quando conheceu e se tornou amigo de Meighan Dornas, um dos mais respeitados donos de tropa de toda a região Centro-Oeste de Minas. E foi com esse amigo que viveu casos engraçados e dignos de registro, que contava para os grupos que o rodeavam para ouvir suas estórias. Em uma delas, contava que “o Meigham entrou na loja com a algibeira cheia de cobre, para comprar uma caminhonete. Mas o vendedor não acreditou que ele tinha dinheiro para comprar o carro. Atendeu-o mal, fez pouco caso e, quase caiu o queixo quando viu o Meighan tirar o dinheiro da algibeira e pagar a caminhonete à vista, contava às gargalhadas, reforçando os trejeitos de espanto do infeliz vendedor que não sabia da fortuna do comprador.
Parque de Exposições: ajuda fundamental.
Quando ocorreu a construção do Parque de Exposições de Carmo da Mata, que recebeu o nome de Risoleta Neves (por que não mudar o nome para “José do Carrinho”?), ele foi um dos principais incentivadores. Mexeu “mundos e fundos” para tornar realidade aquela obra. Trouxe a festa de rodeio, negociou com os sem-terra a retirada dos mesmos, para liberar o terreno para a construção e até plantou as muitas árvores que hoje fornecem sombra aos frequentadores do parque.
A vida política
José Carlos da Silva, o Zé do Carrinho, sempre esteve ligado à política. Em 1997 assumiu o mandato de vereador, conquistado no ano anterior. Neste posto, cumpriu os quatro anos, até 2000. Em 2001 assumiu a Secretaria de Obras na administração do Dr. Odir. Após dois anos nesse posto, foi nomeado diretor do SAAE, por mais um ano.
Durante os dois mandatos de Milton Neto, Zé do Carrinho foi secretário de Obras, diretor do SAAE, e assumiu, por um ano, o mandato de vereador, para o qual havia ficado na suplência. “Sempre ponderado, nunca foi uma pessoa de extremos, na política”, disse sua filha, Claudiana.
Lembrando da convivência com o pai, Claudiana citou os anos em que viveram em Cláudio, em uma chácara: “eram 15, 20 pessoas em torno dele, nos finais de tarde, para ouvir seus casos, participar de suas brincadeiras”. Zé do Carrinho foi para ‘o outro lado’, aos 67 anos, no último dia 23 de fevereiro. Tranquilo, com a certeza de que marcou, de forma positiva, sua passagem por aqui.
Deixa muitas saudades, uma rica história e a certeza de que “fez tudo o que pôde saber. Foi feliz, muito feliz”, como arrematou Claudiana, sua emocionada filha que, temos certeza, se pudesse, falaria sobre seu pai algumas horas, dias, semanas e até meses, porque ele produziu conteúdo para tanto. Esteja com Deus, Zé, é a última fala de seus amigos, e conte a Ele os tantos casos que recolheu daqui...
Com reportagem de Sérgio Cunha
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