—►Se estamos nos preparando para um “novo normal”, temos de saber que nada será igual a partir da Pandemia do Novo Coronavírus. Tudo que fizermos, a partir de então, será impactado pela Pandemia. Nosso dia a dia já está completamente alterado e assim será em todas as outras questões.
Na política, os homens e mulheres públicas terão de mudar suas atitudes, seus comportamentos e também a atuação, já que pós-Pandemia vamos encontrar um mundo modificado. No caso do Brasil, um “mundo” mais pobre, com mais necessitados e mais necessidade da intervenção do Poder Público. Assim, a ideologia neoliberal terá de sofrer um grande baque, pois será necessário aumentar a participação do Poder Público na vida das pessoas.
Só assim, com programas de apoio às classes menos favorecidas, com investimento na reconstrução da economia, é que vamos conseguir alcançar, em alguns anos, algumas décadas, talvez, a situação de antes da Pandemia, em que havia a possibilidade de abrir mão da participação direta do governo em alguns setores.
Imaginem, por exemplo, a questão do gás de cozinha, para ficarmos em uma situação bastante simples. O Brasil já estava entregando toda a exploração e comercialização nas mãos da iniciativa privada. Será que isso não vai gerar uma situação mais difícil no futuro? Será que a iniciativa privada vai abrir mão do lucro em uma situação em que parte da população, desempregada, não vai ter dinheiro para comprar o produto? Ou será necessário que o governo intervenha, controlando preço, ou mesmo criando programa de auxílio para que as famílias tenham condição de comprar o gás de cozinha, tão necessário hoje? Ou a saída será voltar aos tempos do fogão à lenha, o que pode gerar uma situação de aumento do desmatamento e do preço da lenha, visto que vivemos em tempos de urbanização excessiva, onde árvores estão escassas?...
Tudo isso deve ser pensado e analisado até mesmo na hora de escolher candidatos nas próximas eleições. E essas mudanças têm de ser pensadas agora.
Outra situação é como fazer campanha? Essa é uma situação a que os pré-candidatos de agora e certamente candidatos daqui uns dias têm que analisar.
Vai ter que haver mudança no procedimento dos políticos. Um exemplo: uma reunião de políticos, realizada recentemente pode ter gerado um centro de contaminação do novo coronavírus. Não estamos aqui acusando ninguém, mas é um caso a se pensar. Vai valer a pena continuar fazendo política com o aperto de mão, a aglomeração de pessoas ou os candidatos terão que inovar, que criar uma nova maneira de chegar até o eleitor? Com certeza, quem usar de criatividade e conseguiu falar ao eleitor sem colocá-lo em risco, vai sair na frente. Ou pensam que ir à casa do eleitor, levando consigo o risco do contágio vai ser bem aceito por todos? Certamente, quem se preocupa com a saúde da sua família e de sua própria não vai ver com bons olhos a visita do político, o aperto de mão, o contato físico que pode contaminar o eleitor e sua família.
Como fazer? Não temos a receita. O que pode ser afirmado é que aquela “receita” antiga, de ir à casa dos eleitores, em grupo ou individualmente, conversar com cada um ou com vários ao mesmo tempo; reuniões com várias pessoas; abraços, tapinhas nas costas, aperto de mão: podem ser vistos como risco de contágio e, no lugar de ser produtivo, pode criar rejeição. Pós Pandemia vai exigir novas maneiras de se fazer as coisas, inclusive política.
E mais um alerta: as eleições vão acontecer enquanto ainda estará sendo desenvolvida uma Pandemia, pois a previsão de vacinas contra a Covid-19, otimistas, são para o final do ano, início do próximo.
►Sérgio Cunha
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