Reprodução |
Estamos a pouco mais de dez dias do Natal e, com ele, chegam todos os símbolos da tradição natalina. Montamos a árvore de Natal com bolas e laços, colocamos guirlandas nas portas e janelas, acendemos velas, a cidade toda se enfeita com luz, o clima de Natal toma conta das pessoas... E a noite de Natal é comemorada com a ceia... Às vezes à meia-noite, às vezes mais cedo, mas todos, de uma forma ou de outra, comemoram essa data com um jantar feito especialmente para a família.
Uma curiosidade: você sabe qual é origem da ceia de Natal? Conforme relatos, há centenas de anos, os europeus deixavam a porta de sua casa aberta no dia de Natal para que os peregrinos e viajantes entrassem e, junto com a família, confraternizassem nesse dia. Daí o porquê do Natal ser uma data de confraternização entre amigos e familiares. O prato mais clássico servido nessa ocasião é o peru. O consumo dessa ave originou-se nos EUA. Lá o peru é um prato tradicionalmente servido no Dia de Ação de Graças, uma data muito importante para os americanos, e essa tradição veio para o Brasil.
Outros alimentos tradicionais do Natal são as frutas secas, as nozes, as castanhas e o panettone. Este foi criado na Itália, mas não se sabe exatamente sua origem. Existem várias versões. De acordo com uma delas, um padeiro de Milão chamado Tone, em aproximadamente 900 d.C., fez um pão e misturou nele alguns ingredientes como frutas secas e nozes. Esse pão fez muito sucesso e ficou conhecido como pane di Tone. Mas, independentemente das lendas em torno da história do panettone, ele está sempre presente nas mesas de Natal de todo brasileiro.
Preparativos para a grande festa
Ao falarmos em festas de Natal e suas tradições podemos usar a palavra época para denominar um período de tempo que se repete a cada ano e também no sentido de diferentes tempos, presente e passado. Nesses dois sentidos fala-se, aqui, da época de Natal. Mas, com especial destaque, fala-se também das tradições que mudaram com o decorrer dos anos, como era o Natal em épocas passadas em comparação com os dias de hoje.
Em tempos passados, a época do Natal era um tempo de grande movimentação e euforia. O Natal era uma época aguardada com muita ansiedade, tanto pelas crianças como também pelos adultos. Era uma data especial, não apenas espiritualmente falando, como também no sentido social. Essa movimentação e essa euforia provinham dos preparativos para o grande dia, como a armação de árvores e de presépios, a compra de bebidas e iguarias para a ceia.
Árvore e adornos de Natal
Persiste, ainda nos dias de hoje, o peculiar hábito de se montar as árvores de Natal. Elas podem ser encontradas com muito mais facilidade do que antigamente e de uma forma mais simplificada. Hoje você pode adquiri-las prontas e até mesmo ornamentadas, basta apenas escolher o local em que ela vai ficar.
No passado, a montagem das árvores merecia especial atenção nesta época. Elas eram armadas com afinco, num canto da sala, para que as crianças e as visitas pudessem contemplá-las.
A sua ornamentação constituía-se de galhos de árvores ainda com folhas ou mesmo um pinheirinho, que recebia bolas de vidro reluzente e, em seu topo, geralmente colocava-se uma estrela.
As lâmpadas coloridas e piscantes tornaram-se um adorno obrigatório nas árvores de Natal das famílias de classe média a partir da segunda metade do século 20.
Outra tradição das antigas era colocar, sobre algum móvel, castiçais com velas de cera coloridas e, ao redor da árvore de natal, também alguns adornos e enfeites.
Devido à redução dos espaços nas residências, nos tempos em que muitas famílias acabam se mudando para apartamentos com cômodos menores, principalmente em grandes cidades, estes costumes têm sido um pouco esquecidos.
Véspera da Noite Feliz
A véspera de Natal parecia o dia mais longo, sensação esta causada pela expectativa intensa e pela ansiedade, quando todos aguardavam a chegada da noite misteriosa, de paz e alegria.
As crianças pensavam só nos presentes que encontrariam na manhã seguinte. Já os adultos preocupavam-se com o costume da ceia de Natal, que algumas famílias mantinham, ou ficavam na expectativa da missa do galo, à meia noite, que era além de uma missa, um evento muito aguardado.
Na véspera de Natal, era usual às crianças dormirem cedo ansiosas pelos presentes que seriam deixados pelo “Bom Velhinho ou Papai Noel”. Muitos deixavam os sapatos perto das janelas, portas ou pés da cama, indicando onde Papai Noel deveria deixar os presentes, atendendo os desejos individuais de cada um.
Segundo o saudosista Arnaldo Sábato, antigamente o Natal de Carmo da Mata era melhor festejado do que nos dias atuais. “Um tradição dos católicos carmenses era ir à Missa do Galo, que era sempre celebrada à meia-noite. E para esperar os doze badalares do sino, para começá-la, os carmenses iam ao cinema e outros passeavam pela Rua 17 de Dezembro. A casa da Sá Laura, que ficava entre o cinema e a igreja, ficava cheia de pessoas que aguardavam a missa. Geralmente, a noite de Natal era acompanhada por chuva fina. E no dia de Natal, a grande festa era realizada pelas crianças que iam para as ruas mostrarem os brinquedos que acreditavam ter ganhado do Papai-Noel”, contou-nos senhor Arnaldo.
A lenda do Bom Velhinho
Hoje em dia, alguns pais não incentivam mais a lenda do “Bom Velhinho”. Na verdade São Nicolau ou Santa Claus é personagem de uma lenda europeia, mas muitos ainda acham interessante manter esta ilusão ou sonho da infância, através desta tradição na crença no “Papai-Noel”, gordo, de barbas longas e brancas, vestido de vermelho, que durante a noite de Natal, passeia pelos céus com seu trenó puxado por renas e, silenciosamente, entra nas casas para atender aos pedidos e depositar os presentes natalinos.
Mas não é de longa data que a imagem do Papai Noel tem também sido usado por marqueteiros para associá-lo ao consumismo. Sua imagem tem resistido bravamente aos tempos modernos.
Presépios
A fantasia e uma grande diversidade de miniaturas integram, geralmente, os cenários dos presépios que trazem a nossa realidade, diferentes tipos de animais, muitos figurantes, montanhas, lagos, estradas, pontes, moinhos, e outros. Geralmente eles são inspirados na cultura local, onde o presépio foi construído. A montagem de presépios é vista em todo país, merecendo destaque paras as cidade interioranas, onde podem ser vistas miniaturas feitas em madeira, com monjolos, rodas d’água, e outros objetos em funcionamento. Geralmente sobre a manjedoura existe uma estrela que indica o caminho aos três Reis Magos, para encontrarem o menino Jesus.
Segundo relatos do saudosista Arnaldo Sábato, em sua infância eram vistos presépios imponentes e muito bem feito. “Os presépios que recordo tinham muitas frutas e um cheiro delicioso de abacaxi”, declarou o saudosista.
Mantinha viva a tradição de se montar presépios a senhora Alda Sartori, que em meados do mês de novembro já retirava das caixas, com cuidado, as imagens que compunham o seu presépio. “Minha mãe fazia questão de manter viva esta tradição. Ela montava o seu presépio com muito carinho e dedicação. E gostava de colocar galhos de alecrim nele para exalar um delicioso perfume. E sempre quando ela o montava, ela recebia a visita da saudosa Bastianinha, que vivia na Vila Vicentina, que ficava durante horas admirando e rezando”, disse Maria Aparecida, filha de Alda.
Um presépio também muito admirado é o da Matriz de Nossa Senhora do Carmo.
Com reportagem de Hérica Viotti
Nenhum comentário:
Postar um comentário