Muito tenho me espantado com a reação de alguns intelectuais ao criticarem veementemente o programa Big Brother Brasil como monarca absoluto do império da futilidade. Criado por empresa holandesa, o programa já foi banido de grande parte dos países por onde se infestou mas ainda, segundo o site www.uol.com.br, traz lucros bem salientes a seus “agentes transmissores” (1/2 bilhão de reais só em 2011).
Estou longe de defender o programa de um sujeito que afirma em bom tom que “é hora de emburrecer” o povo (Boni), um programa que consegue prender trabalhadores em frente a uma TV para “bisbilhotar” o que conversa um bando de indivíduos sem quase nada a dizer. E pior, muitos ainda pagam (em ligações) pra isso!
Mais longe ainda estou de afirmar que o problema ali é a exposição da sexualidade. Sexo é um importante ato humano que pode e deve ser debatido na mídia, de forma prudente e por pessoas capacitadas para tal. Falar em capacidade, por qual motivo nunca chamaram um conjunto de cientistas, filósofos, educadores e artistas para o BBB? Certamente não daria Ibope. Porque os patrocinadores nada empenhados na construção da cidadania nem se interessariam.
É chagada a hora de nós, os incomodados com o vazio da TV brasileira, os caquéticos do pensamento, os chatos de galocha, os sem gracinhas, os anormais, começarmos a questionar as empresas preocupadas ou não com a construção do cidadão. Ações como as da Caixa Cultural e Centro Cultural Banco do Brasil, dentre outras, são dignas de aplausos, enquanto que outros nomes, como os que anunciam programas como o BBB, preferem o lucro a todo custo, sem se preocupar com o direito constitucionalizado do cidadão em receber arte, educação, cultura e informação, via emissoras de TV.
O que me incomoda na crítica ao circo do Bial é colocarem o programa como único culpado por esta baixaria televisiva. Querem tirar o BBB para se investir em mais novelas (com seu elenco escolhido por beleza e com seus temas superficialmente debatidos por personagens estereotipadas?) ou em programas de auditório onde o ridículo bate recorde a cada minuto?
Criticar a programação não é picuinha de cri-cri ou de ranzinza, como se pensa. Na verdade, vivemos em sociedade e ganhamos todos (coletivamente) em convivermos com cidadãos mais informados, politizados e educados. Jamais nos esqueçamos que a transmissão, concedida pelo poder público aos donos das emissoras, obriga-os a promover a cultura e os valores éticos e sociais da pessoa humana. Criticar e questionar a programação é um dever de cidadania: sejamos cidadãos!
Giuliano Santos
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