Eleições: Brasileiro tem memória curta
É comum ouvirmos que mentira tem perna curta. Certamente você já ouviu
ou falou isso em um determinado momento. Mas tão curta quanto a perna da
mentira é a memória do brasileiro.
Três irmãs, solteironas, já em idade avançada, viviam juntas em uma
grande casa: Wanda, de 90 anos, Wilma, de 88, e Waneide, de 86. Uma noite,
Wanda, a de 90, começa a encher a banheira para tomar banho, põe um pé dentro
da banheira, faz uma pausa e grita:
- Alguém sabe se eu
estava entrando ou saindo da banheira?
A irmã, Wilma, de 88, responde:
- Não sei, já subo aí
para ver!
Começa a subir as escadas, faz uma pausa, e grita:
- Eu estava
subindo ou descendo as escadas?
A irmã caçula, Waneide, a de 86, estava na cozinha tomando chá e escutando
suas irmãs, balança a cabeça e pensa:
- Que coisa mais
triste! Espero nunca ficar assim tão esquecida.
Prevenida, bate três vezes na madeira da mesa, e logo responde:
- Já vou ajudá-las, antes vou ver quem está batendo na porta.
Já
fiz uso, aqui, de figura de linguagem e de uma parábola para trazer à tona a
seguinte reflexão: em se tratando de política, nossa memória é tão boa quanto a
das irmãs da história. É fácil perceber isso, basta perguntarmos, no nosso
grupo de amigos, em quem votaram nas últimas eleições para deputados. Um
Instituto de Pesquisas do Paraná constatou que depois de quatro meses mais da
metade das pessoas não se lembra mais em quem votou. Sendo assim, como é que
podemos cobrar alguma coisa dos nossos políticos? O mesmo estudo apresenta
dados que provam que os brasileiros preocupam-se apenas com o presente, haja vista
a quantidade de pessoas endividadas Brasil afora.
Segundo
o professor de filosofia, Antônio dos Santos, esse esquecimento do brasileiro é
cultural. É desnecessário dizer que isso é algo que agrada, e muito, aos
políticos, que ainda mantêm uma longa distância do eleitor comum. A memória
curta também prejudica aquele que lembra e que gostaria de cobrar as promessas
feitas pelos candidatos, ele é minoria. Curioso também é constatar que quase
80% não sabe qual o papel de um deputado ou de um senador. Daí, dizemos também
que, mesmo entre os candidatos, muitos não sabem o que irão fazer caso sejam
eleitos. Diversos candidatos a Deputado e, principalmente, a Vereador pensam
que terão função social, que resolverão os problemas da comunidade. Não conseguem diferenciar Legislativo de
Executivo.
Se
alguns candidatos não sabem, imagine o eleitor. Cabe a cada um de nós, a mim, a
você e aos formadores de opinião, mostrar as diferenças às pessoas, isso já é
um começo. Atribuo a você também essa tarefa porque, se está lendo um artigo
com esse tema, está em uma situação diferenciada em relação aos esquecidos, que
jamais lerão esse tipo de texto. É por causa dos “esquecidinhos” que políticos
como Paulo Maluf, Fernando Collor, José Sarney continuam sendo eleitos, apesar
de tudo. Em nível regional, o cenário não é diferente. São diversos os candidatos
a Vereador e Prefeito na mesma situação dos políticos citados. Se você pensa
que os envolvidos no mensalão estão aposentados para a política, está enganado.
Ainda veremos muitos deles eleitos.
Seria muito bom se os comentaristas de programas esportivos ministrassem
um Curso de Memorização Coletiva. Não consigo entender como conseguem memorizar
escalações de tantos times, às vezes de 20 ou 30 anos atrás.
Coluna Marketing & Mídia de Reginaldo Rodrigues
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