O Senado da República, a nova versão da casa dos horrores.
José Marco R. Andrade
Tradicionalmente, o Senado é a representação mais elevada da república desde o Império Romano. Ali se instalava a elite da representação do povo, a voz dos cidadãos e a consciência da pátria. Quando havia liberdade de expressão e de governo, o Senado era a instituição mais próxima do que hoje se conhece como democracia. Porém, no Brasil não tem sido assim, pois o Senado brasileiro mais parece uma casa dos horrores, um trem fantasma de parque de diversões.
Por aquela casa política passaram, recentemente, grandes expoentes como Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Jefferson Peres, Pedro Simon e Marina Silva, mas eles representam uma exceção à regra da ausência de compromisso com o país. Infelizmente, a chamada de políticos do Senado inclui também nomes como José Sarney, Jáder Barbalho, Fernando Collor de Mello, Renan Calheiros e Antônio Carlos Magalhães, todos relacionados a notícias que pouco tem a ver com a respeitabilidade e a tradição que se espera de uma elevada casa parlamentar.
Outros nomes que por lá passaram e rapidamente se perderam por motivos relacionados a escândalos podem ser facilmente lembrados, tais como Joaquim Roriz, José Roberto Arruda, Luiz Estevão, e agora o Senador (e Procurador de Justiça do Estado de Goiás) Demóstenes Torres.
A impressão que se torna cada vez mais forte é que o Senado perdeu o seu rumo, o seu sentido institucional de defesa dos interesses dos estados e dos seus cidadãos, transformando-se numa casa de horrores. Um verdadeiro trem fantasma em que a qualquer momento poderemos encontrar uma bruxa, uma alma penada ou o próprio diabo. De onde se esperavam discursos bem elaborados com o objetivo de discutir as soluções para os problemas do país, debates de alto nível para o enriquecimento das discussões políticas e atitudes fortes de homens honestos e probos só conseguimos vislumbrar trocas de acusações, negociatas e guerra de vaidades.
De vez em quando ouvimos que cada povo tem o governo que merece, mas no caso no Senado nacional atual isso parece um castigo muito grande, desproporcional ao desinteresse com a política e o desenvolvimento do país que demonstra grande parte dos brasileiros. Esta consideração parece servir mais para fazer com que os eleitores sintam-se cúmplices desses maus políticos e aceitem a degradação do Senado como consequência natural do nosso despreparo como cidadãos. Mas essa não deve ser a nossa percepção.
Cada um de nós é responsável e está apto a lutar contra os maus políticos seja no momento da eleição ou acompanhando a atividade dos que foram eleitos. Devemos nos conscientizar que a grandeza, ou o fracasso, de uma sociedade está diretamente ligada à capacidade dos seus cidadãos, e não dos seus políticos, em construir um lugar melhor para se viver com possibilidade de atingir todo o seu potencial como pessoa e como civilização. Não devemos nos sentir piores por ter representantes políticos que se perdem no caminho do poder, mas devemos aprender a escolher melhor nossos representantes e exigir o seu respeito aos seus eleitores.
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