—►Na semana que antecede os dias de Carnaval, há uma tradição que remonta há variadas culturas ocidentais, provavelmente advinda dos Carnavais de Veneza, a histórica cidade italiana que sobrevive entre as águas: é a Tradição dos Mascarados. Em Carmo da Mata, lembrando antigas temporadas de Carnaval, havia a turma dos Mascarados, onde um aglomerado de pessoas, geralmente mais jovens, garotos, saíam fantasiadas com vestidos, camisolas, lenços amarrados na cabeça e máscaras, para que não pudessem ser identificadas. Eram os mascarados!
Empunhando pedaços de pau, varas, cabos de vassoura e outros apetrechos para impor medo às outras crianças, eles corriam pelas ruas, impondo suas presenças e quem ousasse enfrentá-los era perseguido por uma ‘carreira’. Chegavam a meter medo, por quem passasse por eles. No entanto, as crianças que não se ‘mascaravam’, faziam suas intrigas, dizendo: “Ei Mascarado de meia-tigela...!”; “Ei Mascarado, pé na bunda e mão na cara...!”; e por aí seguiam os impropérios e as perseguições, apenas impostas pelo medo, pela intimidação dos Mascarados, mas totalmente sem violência. Ninguém tinha sua integridade física atacada; havia somente as correrias, o medo mesclado às fantasias infantis. Mas a cultura era evidente.
Em Carmo da Mata, em idos Carnavais, podemos lembrar, muito bem da turma do ‘Criolete’(Magno de Oliveira Adão, seu irmão, Marcelo de Oliveira Adão, o “Zé Gominha”, o Afonso Celso Teodoro Pinto, o Afonsinho, Alberto Rios, o “Caxitó”), do Ricardo do 'Zé Branco' e muitos outros amigos, que se reuniam e ficavam, até as sextas-feiras de Carnaval, amedrontando a juventude carmense. É digno de nota, que nunca os Mascarados intimidavam os adultos e as senhoras. Havia uma regra de conduta entre eles, onde o respeito aos ‘mais velhos’ era mantido com severidade.
►As máscaras
As máscaras eram confeccionadas com papel e ‘grude’, papelão, ou adquiridas no saudoso Comercial do Nodge Martins de Castro, a Venda do Nodge. Além desses materiais com os quais as máscaras eram feitas, haviam as de ‘matéria plástica’, as de borracha e, até mesmo, as máscaras alegóricas, fazendo menção a alguns políticos da época, às bruxas, lobisomens, ‘King Kong’, etc.
Lamentavelmente, como toda cultura que é fadada ao esquecimento, a tradição dos Mascarados está rareando em Carmo da Mata. Atualmente, podemos ver apenas dois ou três jovens adolescentes fantasiados de mascarados nos dias que antecedem o Carnaval carmense.
Eles faziam a alegria e o choro de muitas crianças e adultos. Os Mascarados sempre foram a parte lúdica no ‘brincar’ o Carnaval. É triste perceber que uma manifestação cultural, tão importante, que extravasava os medos, dando, depois a conotação da alegria, esteja acabando. Esta magia corre sério risco de extinção, tendo em vista que a inocência está tomando novos rumos, e o tradicional já não encanta mais grande parte da sociedade que, parece está perdendo sua identidade cultural.
—►A fotografia em preto e branco são os 'Mascarados' Petrônio de Paulo Câmara, Fundador do Jornal Tribuna do Carmo e seu sobrinho, Dr. José Marcos de Andrade, nos anos 80, no Diamante Clube. Autênticos foliões do Carnaval carmense! - Ao fundo avistamos Leila Resende, sempre com sua contagiante alegria e seu inegável charme.
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