quinta-feira, 26 de julho de 2012

Alzheimer - Um pequeno histórico. D.A (Doença de Alzheimer)




Foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer. Cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, como por exemplo, o sintoma primário que  é a perda de memória  de curto prazo (dificuldades  para lembrar-se de  fatos apreendidos recentemente).
O paciente perde a capacidade de dar atenção a algo, perde a flexibilidade do pensamento. É observada também a apatia, confusão mental, desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe que ano, mês, ou dia em  que está.
           Com o passar do tempo, os neurônios vão morrendo e a quantidade de neurotransmissores diminui. Aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos, como também a execução de movimentos. A degeneração progressiva dificulta a independência. A sua massa muscular e a  mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente  tem que ficar deitado numa cama.
         Por esse pequeno histórico, peço carinhosamente, licença para publicar aqui, uma adaptação sobre como me sinto em relação à minha mãe... Dona Zulmira, lá do Quilombo!
MINHA MÃE TEM ALZHEIMER...
Como assim? O que é isso?
Essa foi a minha primeira reação quando soube que minha mãe  “estava com o Mal de Alzheimer” puro preconceito, esse de chamar “mal”.
Pra começar não é O MAL, mas sim DOENÇA de Alzheimer.
De imediato há a recusa em acreditar. É por demais brutal aceitar que isto esteja acontecendo com sua mãe.
Somos sete filhas! Cada uma teve seu jeito e tempo para digerir a uma notícia dessas!
A princípio todas nós concordamos que deveria pesquisar mais, ver outros médicos, outras opiniões  e ... tratamento. As respostas foram uma só.  Tudo são hipóteses, mas os exames indicam que sim.  Nunca, tinha ouvido algo tão assustador. Porque até aí, cada uma por sua conta já havia  pesquisado lido, ouvido depoimentos.
Lembro que o primeiro que eu ouvi, foi de uma secretária da escola onde trabalho. Quando contei sobre minha mãe, ela me chamou, e, a sós, me disse: “Fale baixo, ,desconversa se  chegar alguém. Meu pai está com este mal. O médico explicou que, para compreender  melhor, pense em uma   mexerica  pocam. Agora, deixe-a, sobre a mesa  e, no dia seguinte , esta mexerica estaria bonita como quando a pegou no pé mas ao abri-la verá que seus gomos murcharam. Assim está o cérebro de sua mãe. Murchando.  Não comente nada. Nem sobre sua mãe e meu pai.
            Fiquei chocada, paralisada... como? Por quê? Não é contagioso. Mesmo se fosse.
Descobri amargamente que havia preconceito. Aquele preconceito do desconhecido, do novo... Descobri o quanto alguns seres humanos podem ser cruéis, impiedosos...
Como já disse , somos sete mulheres. Cada uma reagiu de um jeito. Houve discussões, divergências.
Meu pai SENHOR SEBASTIÃO DO IZALTINO, como era conhecido, ainda estava vivo. Contar como ele reagiu daria várias páginas...Ele quis ouvir do médico, Dr. Lafaiete, pois só confiava nele, o que estava por vir. O médico muito sabiamente, explicou com habilidade, como seria dali pra frente. Ele não se iludiu. Passou a cuidar de minha mãe com todo carinho, gentileza e paciência jamais vistos. Morreu onzes meses depois.
Pra todas nós foi muito doloroso! Assim, em pouco tempo, ficamos sabendo que nossa mãe iria morrer todos os dias de forma lenta e gradual, esquecendo-se de quem era , e, de quem éramos nós...
Nosso pai se foi...Não aguentou ficar assistindo , impotente, a “fuga” daquela que foi  por mais de cinquenta anos, sua companheira, seu amor, mãe de suas filhas...
É com estranheza que digo isso. Foi de certa forma muito terno. Isso pra mim se chama AMOR. Ele soube que não poderia acompanha-la... preferiu ir sozinho do que vê-la, partir a cada dia.
Peço licença aos leitores para publicar aqui, um poema, que fiz algumas adaptações, pois não sou poetiza, longe disso, mas na tentativa de me sentir mais leve, escrevo para ELA, DONA ZULMIRA, lá do quilombo.
 


Minha mãe tem Alzheimer.
     MÃE,
         Você foi se distanciando...
         Assim, sorrateiramente...
         Poupando-nos a dor de te perder
         De repente...
         Assim também delicadamente,
         Você quis que os laços
         Fossem se desprendendo
          Aos poucos...
          Devagarinho...
          Frouxos...
          Desfazendo as imperceptíveis amarras,
          Que antes tão fortes
          Se uniam a nós.
                  MÃE
          Sua sabedoria tão simples e enorme,
          Seus gestos tão desprendidos,
          Sua teimosa doação,
          Seu jeito despretensioso,
          Seu insistente perdão,
          Que às vezes não  entendia,
          Ficaram todos trancados,
          Atrás de sua aparente tranquilidade,
          E, a chave, MÃE,
          Você esqueceu-se de nos contar
          Onde escondia...
         Não sei se é maior... MÃE em você
         A sua ausência,
         Ou em nós esse medo
         De te perder...
                MÃE,
         A palavra não encontra mais
        Ressonância em seus ouvidos
        Te chamar, MÃE
        Ressoa agora
        No vazio.
        E, na saudade.
        Me aconchego
        Em seu colo ausente
        Que só na memória
        Consigo mantê-la viva
           ETERNAMENTE...
(A doença não é só mental, mas um todo que leva minha mãe todos os dias ).
MÃE,
“Aquilo que a memória ama, fica eterno” (Adélia Prado).                                                           
                                            Sua filha,
                                                             Joaquina Rodrigues de Castro (Quininha)
  
 ... Caro leitor, quis dividir com você um pouquinho de uma história minha e de minha família , mas, como sou  coordenadora Pedagógica, há mais de vinte anos ,não poderia deixar de apresentar pelo menos uma sugestão de leitura infantil para levar às crianças informações sobre o Alzheimer.  - Minha avó tem  Alzheimer. Magda H. Mueler. -  Levar informações às crianças é nosso dever pois é um assunto que está aí e, não podemos camuflar a verdade e deixar  à margem  informações que fazem parte de nossa realidade.
            Sobre Alzheimer, apresento também outro lado, inteiramente positivo, das transformações cerebrais trazidas pelo tempo. “Conforme envelhecemos o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes”. – O melhor cérebro da sua vida – Segredos e talentos da maturidade. Bárbara Strauch.  



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