Eleições
2012: A comunicação do candidato
Comunicar é divulgar, anunciar,
passar, informar, fazer conhecer e por aí vai. A palavra deriva do latim communicare, dividir alguma coisa com
alguém. Na prática a comunicação acontece através da expressão verbal e não
verbal, não aprofundaremos, pois não é o caso neste momento. Na política, acima
de tudo em época de eleições, são comuns alguns erros por parte de certos
candidatos. O excesso de preciosismo na fala, através de uma eloquência vazia,
e certo desdém com o eleitor, principalmente com os de menor poder aquisitivo.
Mesmo com a vulnerabilidade
social e educacional das pessoas a retórica desmedida dos discursos não é mais
tão eficaz como em outros tempos. Resgatando o significado de retórica: a arte
do bem falar através da utilização de elementos persuasivos. Digo sempre nos nossos Cursos de Oratória que
a retórica pode ser a utilização de todos os meios de comunicação pessoal
através de argumentos, sejam eles quais forem, lícitos ou ilícitos, para
convencer alguém de alguma coisa. O pensador italiano Pietro Aretino, já dizia
lá no século quinze, que a retórica está na língua de quem ama, de quem engana
e de quem tem necessidade.
Dessa premissa significa então
que o candidato não deve usar a retórica na sua fala? Não exatamente. O
importante é que ele tenha em mente que o principal critério para a comunicação
é o conhecimento do seu público, dessa forma a comunicação será adequada àquela
plateia. É importante a certeza de que a mensagem terá sido transmitida. Acredito
que você leitor tenha na lembrança algum discurso, eloquente, envolvente,
emocionante do qual não se aproveitou nada no tocante ao interesse coletivo. O
candidato falou da sua vida pessoal, das dificuldades que passou, manifestou a
revolta com o sistema, com as injustiças sociais sem falar o que fará ou faria a
respeito.
Conta-se que o diálogo a seguir aconteceu
em outubro de 1995 entre um navio da Marinha Norte Americana e as autoridades
costeiras do Canadá, próximo ao litoral de Newfoundland. Os americanos
começaram educadamente: - Favor alterar
seu curso 15 graus para norte para evitar colisão com nossa embarcação. Os
canadenses responderam prontamente: -
Recomendo mudar o seu curso 15 graus para sul. O capitão americano
irritou-se: - Aqui é o capitão de um
navio da Marinha Americana. Repito, mude o seu curso. Mas o canadense
insistiu: - Não. Mude o seu curso atual. A
situação foi se agravando. O capitão americano foi se exasperando e berrou ao
microfone: - Este é o porta-aviões USS
Lincoln, o segundo maior navio da frota americana no Atlântico. Estamos
acompanhados de três destróieres, três fragatas e numerosos navios de suporte.
Eu exijo que vocês mudem seu curso 15 graus para norte. Repetindo 15 graus
norte, ou então tomaremos contra medidas para garantir a segurança do nosso
navio. E o canadense respondeu: -
Isto aqui é um farol. Câmbio!
A arrogância na
comunicação está constantemente presente também nas apresentações durante os
eventos políticos, principalmente por parte de quem já está no poder. Até
mesmo em simples situações do dia-a-dia a soberba e a empáfia desfilam
“elegantemente”. O tal ditado, “você sabe com quem está falando?” está presente
a todo o momento, mesmo que não seja verbalmente expressado. É um tal de eu fiz
isso, eu fiz aquilo, quando na verdade tudo o que acontece, só acontece graças a
um trabalho de equipe. Em muitas situações o cidadão está assinando um trabalho
que teve início em gestões anteriores a dele, em alguns casos começados até por
adversários políticos. Durante a campanha tem abraços, beijinhos e tchalzinhos
depois da vitória ele fica quase inacessível.
Não podemos nos esquecer que o
voto tem absolutamente o mesmo valor, seja do pobre, do rico, do negro, do
branco, do homem, da mulher, do jovem e do idoso. O sucesso do candidato
dependerá também da adequação da comunicação ao contexto e ao público ao qual
ele se dirige. O eleitor não tem obrigação de buscar nas entrelinhas o que ele
quer dizer. Ele pode ser objetivo na proposição de projetos, ou padronizar sua
comunicação independente do público alvo, sob pena de perder preciosos votos.
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