O que se
pode esperar da CPI do Cachoeira
José Marco
R. Andrade
Estamos acompanhando a realização da
CPI do Cacheira, que tem como objetivo investigar as relações do contraventor
Carlos Cachoeira com o meio político e sua possível influência em relação à
contratações de suas empresas pelo governo, e se houve interferência de pessoas
ligadas ao governo nessas contratações feitas de forma ilegal.
De tempos em tempos somos colocados
na situação de plateia deste evento de extrema importância e que deveria ser
conduzido com toda seriedade e comprometimento pelo nosso parlamento. Mas,
infelizmente, o que vemos durante as sessões da CPI é um espetáculo patético. O
que mais se houve são xingamentos, acusações oportunistas, políticos fazendo
pose para as câmeras de televisão e a total ausência de foco no objetivo deste
trabalho.
A coisa é tão surreal que na última
semana, durante o depoimento dos governadores Marconi Pirilo (GO) e Agnelo
Queiróz (DF), assistimos verdadeiras manifestações típicas dos programas de
auditório da televisão. O governador Pirilo encarregou-se de levar sua própria
“caravana” para apoiá-lo durante o depoimento, inclusive com gritos pedindo que
o político fosse o próximo presidente do Brasil. Já o governador Agnelo foi
questionado pelos parlamentares através de perguntas previamente selecionadas,
e provavelmente ensaiadas, para não haver riscos para o depoente.
Talvez fosse melhor se as sessões da
CPI ocorressem nos estúdios do programa do Raul Gil, onde seria dada a
oportunidade aos políticos dizerem para quem eles tirariam o chapéu, ou talvez
no programa do Silvio Santos, onde o Carlinhos Cacheira poderia fazer o
programa distribuindo notas de cem reais em forma de aviãozinho de papel e
gritando o bordão: “Quem quer dinheiro?”.
Para um final mais interessante, o
melhor mesmo seria que a CPI fosse realizada no saudoso programa do Chacrinha, onde
o lendário comunicador, Abelardo Barbosa, armado com sua indefectível buzina, faria
o seu papel de juiz tocando seu instrumento estridente no ouvido de cada
político ou depoente que tentasse fazer da CPI um espetáculo patético e inútil.
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