Almir Resende vence as eleições e
oposição assume as rédeas da cidade
Thiago Nogueira
Especial para a Tribuna do Carmo
Especial para a Tribuna do Carmo
Ele
insistiu e, desta vez, conseguiu. Calcado na vontade de mudança, o
oposicionista Almir Resende (DEM) – derrotado nas eleições majoritárias de 2000,
2004 e 2008 – foi eleito, no domingo (7/10), o prefeito de Carmo da Mata para o
quadriênio 2013-2016.
Com
4.589 votos ou 60,27% do total válido, o democrata superou Zé Carlos Lobato
(PRTB), o candidato que vinha sendo apoiado pelo atual prefeito Milton Neto
(PTB). O candidato derrotado obteve 39,73% do total ou 3.025 votos, com uma
diferença de 1.564 votos.
Há
quase oito anos no governo, Milton Neto não conseguiu fazer de Zé Carlos o seu sucessor.
O candidato da situação, pela primeira vez, lançou-se a um cargo público
eletivo. Grosso modo, em comparação com
a eleição passada, o atual prefeito e seus correligionários até que conseguiram
transferir boa parte dos votos, mas não o suficiente.
Em
2008, Milton Neto foi eleito com 4.202 votos. Neste ano, Zé Carlos obteve 1.177 a menos. Ao mesmo
tempo, Almir conquistou 30% mais votos agora do que no pleito passado, quando
computou 3.212 votos.
No
dia da eleição, não houve registros de ocorrências graves. A partir do
encerramento da votação, militantes de Almir Resende começaram a se concentrar
na Praça Joaquim Afonso Rodrigues, no centro da cidade. De forma não oficial,
as informações dos votos de cada seção – apurada por fiscais de partidos – chegavam
à aglomeração, que vibrava a cada placar favorável.
No
cartório eleitoral, as urnas com as informações das 34 seções eram entregues
pouco a pouco. Às 18h15, chegou a última urna, vinda da comunidade dos Campos.
O resultado final saiu precisamente às 18h21. Pouco depois, já com a eleição
proporcional definida, o juiz eleitoral, Adelardo Franco de Carvalho Júnior,
foi até a sacada do prédio do Fórum, de onde leu a lista dos vereadores eleitos
para a população que aguardava ansiosa.
Dos
9.179 eleitores aptos a votar em Carmo da Mata, 8.213 carmenses compareceram às
urnas, número que corresponde a 89,48% do eleitorado (em 2008, o comparecimento
foi maior: 92,22%). Do total de votos apurados para prefeito, 161 foram em
branco e 438, nulos. As abstenções ficaram em 10,52%, ou o equivalente a 966
eleitores. Em 2008, a abstenção foi menor: 7,78%.
Uma votação tranquila, uma campanha nem
tanto
O
juiz, Adelardo Franco de Carvalho Júnior, e o promotor de Justiça, Areslan
Eustáquio Martins, consideraram tranquilas as eleições carmenses. “De uma forma
geral, as eleições aconteceram em um clima de tranquilidade. É normal em uma
cidade como Carmo da Mata ter muitos recursos jurídicos, mas foram todos
julgados rapidamente, alguns em grau de recurso no TRE ou no TSE e, algumas
decisões, alguns partidos concordaram”, avaliou o promotor.
Com
relação aos conflitos registrados entre militantes durante a campanha, o juiz
notou certo aumento nas ocorrências. “Acho que foram um pouco piores as
situações desta eleição. Nós tivemos menos ocorrências da última vez do que
tivemos agora. Mas no dia em que aconteceram os comícios dos dois candidatos a
poucos metros um do outro não tivemos nenhum problema. Quando o povo está
diretamente vinculado, ele não tem interesse em outra situação. São mais as
pessoas ligadas aos candidatos (os ,militantes)”, destacou o magistrado, que
tem observado certa apatia da população brasileira na participação política.
Batalha vencida, mas ainda há recurso a
enfrentar
Almir
Resende venceu a batalha nas urnas, mas ainda tem o julgamento de um recurso no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, para superar. Durante toda a
campanha, o candidato viveu a indefinição se seu nome seria ou não considerado
“ficha suja”, devido a um processo que ele responde de quando exerceu um cargo
público na gestão do então prefeito, Fernando Lobato, entre 1997 a 2000.
A
última decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em Belo Horizonte, foi-lhe
favorável e, por isso, ele pôde disputar normalmente a eleição deste ano. Hoje
não há nada que o impeça de tomar posse no próximo dia 1º de janeiro. No
entanto, o TSE ainda não conseguiu analisar o processo de Almir porque existem
milhares de casos enquadrados na Lei da Ficha Limpa em todo o Brasil à espera
de um veredito.
Caso
a instância superior conclua que Almir é “ficha suja”, ele poderá ter seu
registro cassado e seus votos serão considerados nulos. Se isso acontecer,
teremos uma inédita nova eleição em Carmo da Mata. A princípio, não existe a
possibilidade de Zé Carlos ser declarado o vencedor, pois o candidato não
obteve mais de 50% dos votos válidos.
Se
Almir já tiver tomado posse e a decisão for desfavorável a ele, o cargo de
prefeito ficará vago, sendo ocupado provisoriamente pelo presidente da Câmara até
que um novo pleito seja realizado.
Zé Carlos Lobato estranha o resultado
Candidato
derrotado, Zé Carlos Lobato estranhou o resultado final. Para ele, alguma
manobra de bastidores tirou-lhe a
vitória. “Foi um resultado inesperado. Acho que teve compra de votos. Eu tinha
uma pesquisa. Na Várzea, por exemplo, eu tinha 75% de intenção e acabei
perdendo. No resto, tudo dava empate técnico. Só que não temos prova”, alegou o
candidato.
Zé
Carlos, por sua vez, acredita ter sido claro ao apresentar o seu projeto de
governo. “Na minha campanha, eu fiz propostas simples que seriam cumpridas
porque eu respeito o povo de Carmo da Mata”, ressaltou.
O
candidato ainda alimenta esperanças de poder assumir a prefeitura por causa do
recurso que o candidato eleito Almir Resende vai enfrentar em Brasília. “O
processo dele está nas mãos do TSE. Com certeza, na decisão em Belo Horizonte,
houve troca de favores. Ele tinha perdido por 4 a 1 e, depois, ganhou por 5 a 0”, disse Zé Carlos.
O peerretebista
se refere à decisão dos magistrados do TRE que, antes de acatarem o pedido de
embargos declaratórios que liberou Almir para o pleito, tinham mantido o
indeferimento da candidatura do democrata.
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