Despesas com saúde, temos recursos suficientes?
Em toda discussão sobre a saúde no Brasil ouvimos que a falta de dinheiro e o péssimo gerenciamento dos recursos são os principais responsáveis pela situação precária da saúde pública. É necessária uma análise de alguns dados para entender como isso acontece.
O gasto público com saúde no Brasil, em 2009, incluindo município, estado e União, segundo o estudioso Gilson Carvalho (disponível na internet em www.observasaude.fundap.sp.gov.br/saude2/sus/Acervo/GS_Br_2009.doc,) foi de aproximadamente R$ 731,00 por habitante. Além disso, cada pessoa gastou do seu próprio bolso mais R$ 715,00 por ano, totalizando o gasto anual de R$ 1.446,00 por habitante em saúde, o que inclui despesas com planos de saúde, medicações, internações, exames laboratoriais e profissionais da área médica.
Examinando as transferências de recursos do Fundo Nacional de Saúde para o município de Carmo da Mata, temos o valor de cerca de R$ 715,00 por habitante no ano de 2011 enviados para utilização dos seus moradores através da Secretaria Municipal de Saúde. O valor se mostra próximo à realidade apresentada por Gilson Carvalho.
Para fazermos uma comparação muito simples, nos Estados Unidos, país onde se utiliza mais dinheiro com saúde, são gastos cerca de R$ 14.000,00 por habitante por ano, ou seja, cerca de 10 vezes o que se gasta no Brasil, e ainda assim, há vários problemas em relação ao atendimento de saúde naquele país. A mais importante é que aproximadamente 50 milhões de habitantes daquele país não tem acesso a um sistema de saúde. Lá não existe um serviço de saúde pública como o SUS brasileiro que se propõe a atender todos que o procuram.
Em relação ao gerenciamento dos recursos, ainda prevalece a falta de profissionalização da área. Tradicionalmente, os serviços de saúde são dirigidos por médicos, muitas vezes excelentes profissionais da medicina sem qualquer conhecimento de administração e finanças. Ou seja, melhor seria que eles ficassem nos consultórios e centros cirúrgicos do que nas salas da diretoria dos hospitais e deixassem para os administradores hospitalares a função de gerenciamento dos serviços.
A ideia de profissionalização na administração hospitalar é algo recente no Brasil, com menos de 20 anos de desenvolvimento, e ainda sofremos com o nosso amadorismo. Assim, juntando a escassez de recursos com a incapacidade de gerenciá-los temos uma equação capaz de explicar a situação da saúde no país.
Enquanto aguardamos um aumento dos recursos reservados para a saúde e o aprimoramento dos nossos gestores, o melhor a fazer é cuidarmos de nossas saúdes com atitudes simples e que não dependem de grandes quantidades de dinheiro nem de gestores competentes. Podemos ajudar controlando nossa alimentação, evitando o fumo e álcool, praticando atividades físicas com regularidade, evitando acidentes de automóveis e motos, e, também, cultivando bons hábitos sociais. Com tudo isso, diminuiremos muito nossa preocupação com problemas de saúde construindo a nossa própria solução.
José Marco de Rezende Andrade
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