terça-feira, 15 de março de 2022

Os mitos, crendices populares e lendas do período da Quaresma em Carmo da Mata



A quaresma, período de quarenta dias é o período compreendido entre a Quarta-Feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa. Um período de reflexão, de penitência, sobre a via crucis de Jesus, em sua crucificação e a Páscoa. 

No calendário Católico, em muitas cidades do interior do Brasil, de Minas e, especificamente aqui, em Carmo da Mata, há muitas crendices sobre esse tempo penitencial, principalmente no que diz respeito às lendas sobre lobisomens, mulas-sem-cabeça, fantasmas e outras entidades fantásticas do ideário popular.

Em Carmo da Mata, ainda encontramos muitas pessoas, geralmente mais idosas, principalmente no meio rural, onde as pessoas se recolhem mais cedo, às vezes por medo do que lhes foi passado de antigas gerações, sobre o aparecimento de entidades fantásticas sobre mulas-sem-cabeça, fantasmas, lobisomens, etc.

Além de ser um tempo de penitências, onde os cristãos católicos fazem o tradicional jejum de absterem-se de comer carne nas quartas e sextas-feiras, há uma espécie de temor que lhes acometem sobre esse tempo: é o medo, incutido pelos seus antepassados sobre quem já morreu e sobre outras superstições. Lobisomens, mulas-sem-cabeça, Saci-Pererê, incrementam esse medo. 

É como se almas ‘penadas’ ficassem fazendo penitência, vagando e exigindo, às vezes, cobranças de promessas que não foram cumpridas pelos devotos da crença católica.

Tempo de superstições

Nesse tempo, há, por parte de quem crê nessas aparições, uma grande procura pelas benzedeiras, pelos terços e águas bentas, além de portarem em suas carteiras e bolsas, inúmeras orações de proteção contra o ‘maligno’, contra os malefícios.

Em muitas residências do meio rural de Carmo da Mata, principalmente nas mais simples, nessa época as pessoas, temerosas, pregam orações atrás das portas, das janelas, além de confeccionarem pequenas cruzes de madeira, principalmente, de raízes da árvore de gameleira, como contavam nossas avós, padrinhos e madrinhas.

O motivo de tanto medo nós conhecemos, desde pequenos. Às vezes, nossas mães, pais, irmãs e irmãos mais velhos nos amedrontavam e faziam com que nós, em nosso imaginário, escondêssemos debaixo das camas, com medo das ‘assombrações’. Na verdade, esse misticismo era misturado com uma imposição de caráter de disciplina por parte dos adultos.

São muitas histórias contadas em Carmo da Mata. São histórias de dezenas de anos atrás, passadas de geração para geração. Em cada uma, havia um cemitério, uma mula-sem-cabeça. Um cenário que, em noites de quaresma, em nossas infâncias, dava muito que falar, o que ver, ouvir e, ...o que pensar!

Essas crendices, mescladas à religiosidade, é uma maneira como a sociedade se constitui e que, com certeza, vai dar origem a essas lendas. 

Crendices, ou não, a verdade é que por causa dos ‘fantasmas’ da quaresma, as ruas de Carmo da Mata andam mais vazias. Talvez pelas promessas, pelos jejuns das bebidas alcoólicas ou, até mesmo, pelo verdadeiro ato penitencial cristão. 

Equipe de Jornalismo Tribuna do Carmo - foto Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário