sábado, 5 de fevereiro de 2022

Dentre as histórias que se contam sobre a cidade de Cláudio, existem duas que “explicam” a ventania que frequentemente acontece na Praça da Matriz.

A lenda da ventania na Praça da Matriz em Cláudio .

Dentre as histórias que se contam sobre a cidade de Cláudio, existem duas que “explicam” a ventania que frequentemente acontece na Praça da Matriz.

Os mais antigos contam que, antes de aqui chegar o Padre João Alexandre de Mendonça, um dos párocos que o precederam, envolveu-se numa briga com um político local e, vendo-se obrigado a ir embora, lançou uma “praga” sobre a cidade, dizendo que aquela Igreja seria arrasada por um vento forte que para sempre varreria o Largo do Rosário.

Outra versão conta que o Padre João Teixeira Pinto, primeiro vigário colado da Paróquia, residia com a família – mulher e filhos – numa casa situada no Largo do Rosário, onde mais tarde seria instalada a primeira Tipografia de Cláudio, a Gráfica Irmãos Ribeiro (dos irmãos Moisés, Pereira e Gonzaga), e onde hoje se encontra a residência dos filhos de  Dona Conceição Araújo.
Naquela época, meados do século XIX, eram muito populares os chamados  “circos de cavalinhos”, que costumavam aparecer nas cidades do interior, levando diversão ao povo. Certo dia,  chegou ao Arraial um desses circos.
O proprietário mandou armar o toldo em frente à casa do Padre João, que se encontrava muito doente. O barulho que os operários do circo faziam, o som da banda de música ensaiando, a balbúrdia comum a tais atividades, foram consideradas,  pelos familiares do Padre, um desrespeito ao seu estado, embora o próprio enfermo não manifestasse desagrado em relação ao barulho. 

Mesmo assim, pediram ao dono do circo que evitasse excessos. Ele não deu atenção ao pedido, e os ruídos continuaram.
Não conseguiram, porém, armar o circo. Um inusitado e forte vento  não permitia que os operários amarrassem a lona  nas estacas. Durante dois dias e duas noites, os operários tentaram montar a tenda, mas foi em vão. 

No dia marcado para a estréia, aproveitando momentos de calmaria, conseguiram armar o toldo, mas na hora do espetáculo, o vento recomeçou e a lona  não parava no lugar. O dono do circo, aborrecido, acabou desistindo. Juntou os ‘tarecos’ e foi fincar estacas noutra freguesia, levando consigo a notícia daquele episódio. A quantos quisessem ouvir, ele contava: “Foi praga do padre do Arraial do Cláudio”.

Praga do padre ou não, o fato é que a ventania na Praça da Matriz  acontece até hoje, e dura exatos três dias e três noites. 

Noeme V.Moura
 
Nota: Os dados contidos nesta história têm por base uma entrevista realizada com a neta do Padre João Teixeira Pinto, Inocência Teixeira Pinto (Cincinha), por ocasião das pesquisas feitas por Noeme Vieira de Moura, para registro na sua  ‘História da Paróquia’, compilada em apostila, por solicitação do Padre Roberto Cordeiro Martins, pároco de Cláudio, em maio de 1987 (por ocasião das Missões que se realizaram em outubro daquele ano).
 
 Tribuna de Cláudio.

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