terça-feira, 4 de agosto de 2020

NAS ONDAS DO RÁDIO



O som que chega pelo ar...
                                         
                                          Reginaldo Rodrigues



Pouco mais de um século após o Inglês James Clerk Maxwell demonstrar teoricamente a possibilidade de transmissão de ondas eletromagnéticas, e o Alemão Henrich Rudolph Hertz provar a teoria ao fazer saltar faíscas através do ar que separava duas bolas de cobre, quase todas as cidades possuem, pelo menos uma emissora de rádio. A invenção é atribuída ao Italiano Guglielmo Marconi, que em 1896 realizou as primeiras transmissões sem fio.
Mesmo que o brasileiro, Roberto Landell de Moura tenha feito parte ativamente desse processo de invenção, já que em 1893, portanto antes de Marconi, fez a primeira transmissão de palavras faladas através de ondas eletromagnéticas, foi somente em 7 de Setembro de 1922 que se deu a primeira transmissão radiofônica oficial brasileira. Naquela ocasião foi transmitida a solenidade comemorativa aos 100 anos da Independência do Brasil. O discurso foi proferido pelo então presidente Epitácio Pessoa e foram importados 80 receptores somente para o evento
A primeira emissora de rádio no Brasil surgiu com Edgar Roquete Pinto e Henry Morize em 1923. No dia 20 de Abril era inaugurada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. O nome “Sociedade” foi dado por que os ouvintes eram associados e contribuíam para a manutenção da rádio. Nesta época surgiu o conceito de “Rádio Clube” ou “Rádio Sociedade”, ainda hoje, algumas emissoras têm esses nomes. Aqui na região centro-oeste de minas na vizinha cidade de Oliveira a Sociedade AM é tradicional, em Itaúna a Clube é AM e tem FM também.
O rádio é o segundo meio de comunicação de maior alcance no Brasil, sendo superado somente pela televisão. No primeiro semestre de 2001, 88% da população do país ouvia rádio pelo menos uma vez por semana, segundo pesquisa da Ipsos-Marplan feita nos nove mais populosos estados brasileiros, publicada no site www.terra.com.br/paginas/sarmentocampos/historia. O ato de “ouvir rádio” é conciliável com outras atividades: dirigir, andar, praticar esportes na academia, cozinhar, limpar a casa etc. O fato do rádio não “exigir exclusividade de atenção”, é diferencial determinante para que tenha toda essa aceitação indicada na pesquisa.

O RÁDIO EM CLÁUDIO
Na cidade carinho foi assim...
Hoje com duas emissoras, a cidade de Cláudio teve em sua história a chegada do rádio em plena Segunda Guerra Mundial.  O precursor foi Múcio Guimarães Tolentino, um apaixonado pelo veículo. A Rádio Canela, nome da primeira emissora, transmitia em Amplitude Modulada – AM e atingia cerca de seis Km. Os locutores eram o próprio Múcio e Olemar Dias, o Burro Branco. A programação musical da “Canela” era feita principalmente pelos próprios ouvintes. A interatividade entre rádio e ouvinte com pedidos de música e oferecimentos, tão praticados hoje em dia, já fazia parte da rotina da emissora naquela época. Os discos utilizados eram os antigos vinis de 78 rotações.

MÚCIO TOLENTINO
Ele foi o comunicador pioneiro...
Além de político e empresário, Múcio Guimarães Tolentino tem em seu currículo o rádio. A paixão, segundo ele, teve início cedo, logo que se ingressou na escola no início da década de 40. “Usávamos um sistema de alto-falante de nome monitor com duas cornetas, uma para cada lado; elas ficavam na Rua do Comércio, hoje a Rua Belo Horizonte. Quando começamos, éramos eu e o Olemar Dias Coelho, conhecido “Burro Branco”, filho do Juiz de Direito Dr. Olegário Coelho, que na época era fiscal do Estado.” Relembra o ex-radialista. Ele afirma ainda que suas principais referências musicais eram as valsas, as rancheiras, os tangos, os boleros e as músicas genuinamente caipiras, as chamadas músicas de raiz. Na época utilizavam o sistema de monitor com cornetas. “Os primeiros a mexer com rádio fomos eu e o Olemar, posteriormente tivemos o Alemão e o Paulo Rocha, já no sistema de alto-falante. Depois do sistema de monitor com cornetas e alto-falante tivemos a Rádio Independência, que funcionava das 5 da tarde às 10 da noite, todos os dias e aos domingos, durante todo o dia.” Completa. Múcio diz que a música é de extrema importância na vida das pessoas e existe desde os primórdios. Além de contar histórias, as músicas acalmam as pessoas e ajudam no descanso a mente. Para ele as rádios hoje estão justamente ao contrário do que eram antigamente. “Agregam muitos estilos musicais e ao mesmo tempo não tocam nada. A maioria das emissoras dá ênfase à música internacional, desvalorizando a nacional, tão rica. Mas sou suspeito, pois não gosto do tipo de música que faz sucesso na atualidade.” Questionado sobre a possibilidade de o rádio acabar um dia com as inovações tecnológicas, possibilidade levantada por vários teóricos em vários momentos da história da comunicação, Tolentino afirma não acreditar. “Não penso que acabe. Acho que o rádio tem mais chance de prosperar com a era da informatização do que a televisão. Hoje, o rádio está em qualquer lugar, até enquanto trabalhamos podemos ouvir rádio, além de as emissoras de rádio terem um alcance e divulgação melhores que a televisão. O rádio é ouvido da mais baixa classe até a mais alta.” 

O colecionador
Mesmo antes de começar no rádio, Múcio Tolentino já gostava de música. Seu primeiro disco foi adquirido em 1939 e desde então não parou mais de comprar. O acervo musical representa um agregado cultural muito grande. Há mais de 70 anos adquirindo, Múcio tem uma coleção de aproximadamente 4400 discos de 78 rotações, mais ou menos 3 mil vinis e em torno de 2 mil cds. São vários gêneros musicais, e sendo que uma parte está catalogada. Saudosista, o radialista destaca os discos mais antigos: “Sempre gostei das músicas mais antigas, aquelas que tinham harmonia e melodia. Hoje as músicas não têm a mesma qualidade. Os discos que mais aprecio são os de tango. Tenho mais de cinquenta gravações entre vinis e CDS, da música La comparcita, todas as gravações de intérpretes e orquestras diferentes.”

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