Nos tempos da Estrada de Ferro.
A partir do ano de 1870, discutia-se, em São João Del Rei, uma das principais cidades de Minas, a possibilidade da chegada à cidade, de uma via férrea que possibilitasse a ligação entre a Sociedade São-Joanense e a Corte, localizada, no Rio de Janeiro, capital do Império. Uma alternativa apresentada por um engenheiro da Província Mineira, em 1873, acrescentava São João Del Rei na rota de uma possível via férrea, ligando a Corte, o Rio Grande e o Rio São Francisco.
Em 1877, com a chegada da linha da Estrada de Ferro Dom Pedro II à localidade denominada Sítio, a 100 quilômetros de São João Del Rei, abriu-se a possibilidade de praticar a concessão estabelecida pela Lei Provincial número 1982, de 11 de novembro de 1873, que cedia privilégio por 50 anos para construção de uma via férrea em bitola estreita, que partindo da Estrada de Ferro Dom Pedro II, nas vertentes do Rio das Mortes, se dirigisse a um ponto navegável do Rio Grande, e daí, pelo lado Oeste, fosse até as divisas da província. No entanto, em 1877 é estabelecido que apenas deveria ser executada a primeira seção da estrada até São João Del Rei, pela Lei número 2398, de 05 de novembro de 1877.
A bitola, adotada para a linha a ser construída, foi de 0,76 centímetros, tendo em vista que a bitola máxima permitida seria de 1 metro. Terminada a construção do trecho que ligava Sítio a Barroso, com extensão de 49 quilômetros, o mesmo passou a receber tráfego a partir do dia 30 de novembro de 1880. Na ocasião, a estrada já contava com duas locomotivas American Montezuma.
No dia 28 de agosto de 1881, era inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas, que contava, então, com as Estações de Sítio, Barroso, São José Del Rei (posteriormente Tiradentes) e São João Del Rei. Seu material rodante contava com 4 locomotivas, 4 carros de primeira classe, 4 de segunda, 1 de luxo, 2 de bagagens, 2 de animais, 15 vagões fechados, 10 abertos e 1 carro guindaste.
Quase vinte anos depois da inauguração do prolongamento da Estrada de Ferro Oeste de Minas, o trecho que liga Oliveira a Gonçalves Ferreira, deu início no dia 30 de janeiro de 1910 à construção da linha de ferro em Cláudio. Segundo a Gazeta de Minas, às 3 horas desta data, com a presença do Dr. Chagas Doria, diretor da Ferrovia Oeste de Minas, deputado estadual Ferreira Carvalho, deputado federal Lamounier Godofredo, Drs. Artigas Berredo, Richard e Jorge Penna, engenheiros da estrada, Coronel João Alves de Oliveira, Major Joaquim da Silva Guimarães, Clarimundo Agapito Paes, capitão José Antônio Ferreira “Juca Ferreira”, vereadores e demais populares.
O Dr. Chagas Doria convidou o vigário João Alexandre e o deputado Ferreira Carvalho a baterem as primeiras estacas, e o deputado Lamounier Godofredo a trazer o alinhamento das mesmas, em seguida eles dirigiram-se para a Estação de Gonçalves Ferreira onde foi servido um lanche na casa dos Srs. Resende & Passos. O coronel João Alves de Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Oliveira saudou Chagas Doria, os deputados e engenheiros, fazendo menção também ao deputado Pandiá Calógeras, que apresentou a Emenda de Lei de Orçamento consignando verbas para a linha de Cláudio. O deputado Ferreira Carvalho também proferiu eloquente e primoroso discurso, saudando a terra mineira e agradecendo pelas atenções que lhe foram dispensadas no Distrito de Cláudio. Falou, representando o Distrito de Cláudio, o farmacêutico Clarimundo Paes que demonstrou gratidão aos Drs. Chagas Doria e Pandiá Calógeras credores do reconhecimento do povo claudiense.
Anteriormente, no dia 28 de setembro de 1909, Dr. José Artigas, engenheiro da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas) e encarregado dos Estudos do Ramal de Cláudio, terminando os mesmos, estacou o lugar onde iria ser construída a Estação do próspero Distrito. A sociedade claudiense não consentiu que passasse despercebido esse fato, aproveitando o ensejo para significar a sua gratidão a todos que cooperaram para o progresso da localidade. Às 08 horas, na manhã do dia 28 de setembro, com grande número de pessoas, Dr. José Artigas entregou ao farmacêutico Clarimundo Agapito Pais, vereador representando o Distrito de Cláudio, na Câmara de Oliveira, o martelo para bater a primeira estaca, ao som de vários dobrados da banda de música da cidade e estourar de fogos. O vereador Clarimundo Pais, em discurso, saudou o ilustre engenheiro e destacou a gratidão dos claudienses, ao Dr. Chagas Doria, diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOA) e ao deputado federal Pandiá Calógeras, que teve a iniciativa de aprovar na Câmara dos Deputados Emenda ao Orçamento para liberação dos recursos da construção da Estrada de Ferro. Compromisso este que Pandiá Calógeras firmou em uma conversa na Estação de Gonçalves Ferreira com os vereadores representando o Distrito de Cláudio em Oliveira, Major Joaquim da Silva Guimarães, o Quinca Barão e Clarimundo Agapito Pais, comprometendo conseguir autorização do Congresso Nacional para o Ramal do Arraial de Cláudio.
E foi assim, com muita luta e determinação do deputado Pandiá Calógeras, que o Ramal de Cláudio foi inaugurado com 26 quilômetros ligando a Estação de Gonçalves Ferreira no Ramal do Paraopeba, em 1912, funcionou até 17 de janeiro 1967, já sob a administração da Viação férrea Centro Oeste, foi desativado.
►A Estação
A Estação de Cláudio foi inaugurada em 1912, como ponta de linha de um curto Ramal de 26 quilômetros. Oito dias antes, no dia 01 de junho foi instalado o município de Cláudio. A Estação foi fechada em 04 de setembro de 1963, com a remoção de seu último agente, Augusto Tomaz.
Logo em seguida, a cadeia pública passa a funcionar no prédio. O Ramal para Cláudio somente foi oficialmente radicado em 17 de janeiro de 1967. O prédio, depois de funcionar como cadeia até 1997, tornou-se sede do museu municipal.
O prédio foi tombado pelo município em 1998. A Estação é a única do trecho que mantém o telhado original.
Tribuna de Cláudio
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